Papa Francisco: Justiça não é somente punição, mas perdão e reabilitação
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco denunciou neste sábado, 07 de junho,
a superlotação nas prisões e pediu o fim de um sistema prisional baseado na punição.
O apelo papal foi lançado numa mensagem enviada aos participantes do 19° Congresso
Internacional da Associação Internacional de Direito Penal que se realizará, no Rio
de Janeiro, de 31 de agosto a 6 de setembro deste ano, e ao 3° Congresso da Associação
Latino-americana de Direito Penal e Criminologia.
O documento denuncia os
graves problemas que representam para a sociedade as "prisões superlotadas" e as pessoas
"detidas sem condenação".
Francisco pede uma abordagem multidisciplinar ao
Direito, que procure fazer justiça à vítima sem justiçar o agressor.
"Nas nossas
sociedades, tendemos a pensar que os delitos se resolvem quando se pega e condena
o delinquente, passando ao lado dos danos cometidos ou sem prestar atenção suficiente
à situação em que ficam as vítimas", advertiu o pontífice.
Segundo o Papa,
seria um "erro confundir justiça com vingança", dado que isso levaria ao aumento da
violência, mesmo que esteja institucionalizada.
"Muitas vezes se viu um réu
expiar objetivamente a sua pena, cumprindo a condenação, mas sem mudar objetivamente
nem restabelecer-se das feridas do seu coração", acrescentou o Papa.
Francisco
convidou os meios de comunicação a evitar a criação de "alarme ou pânico social" quando
dão notícias de atos criminosos e recordou que a delinquência tem muitas vezes a sua
raiz nas "desigualdades econômicas e sociais, em redes de corrupção e crime organizado".
"A
Igreja propõe uma justiça que seja humanizada, genuinamente reconciliadora, uma justiça
que leve o pessoa, através de um caminho educativo e penitência esforçada, à sua reabilitação
e inserção total na comunidade", concluiu. (Sedoc/Agência Ecclesia)