Brasília (RV) - Formação de liderança jovem: este é o tema da carta enviada
aos párocos e aos responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil pelo Presidente
da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, Dom Eduardo Pinheiro da Silva,
Bispo Auxiliar de Campo Grande (MS).
A Comissão sugere pistas de ações para
as estruturas de acompanhamentos, com base no Documento 85 da CNBB, “Evangelização
da Juventude”. Entre elas, destacam-se o incentivo aos grupos juvenis como teatro,
esporte, dança, serviços sociais, bandas e redes sociais, como a necessidade de capacitar
a coordenação responsável pelo grupo para dinamizar as reuniões e encontros.
“Estamos
convictos do valor da vida em grupo. Por isso nos perguntamos se em todas as comunidades
pertencentes às nossas paróquias há, no mínimo, um grupo de jovens. E será que as
estruturas grupais contribuem, realmente, para a formação integral dos jovens?”, questionou
Dom Eduardo.
Na mensagem, o bispo recorda, também, as iniciativas da Pastoral
Juvenil, por todo o país, programadas para o período da Copa do Mundo 2014.
Confira
a íntegra da mensagem:
Brasília, 1º de Junho de 2014.Caros párocos e demais
responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil. “… sobre esta pedra
construirei a minha Igreja.” (Mt 16, 18)Este é um mês rico em celebrações que fundamentam
e alimentam nossa Igreja! No dia 29, festejamos São Pedro e São Paulo. Sobre os
apóstolos, a partir deles e com eles, Jesus Cristo construiu sua Igreja, “semente
do Reino”, continuadora da sua obra. O desafio é grande, mas eles sabem que não estão
sós! A Santíssima Trindade está na base de tudo (dia 15), o Espírito Santo conta com
eles e lhes garante a força da unidade (dia 8), o Corpo Eucarístico de Cristo é alimento
dos céus a estes operários da messe (dia 19), o Coração de Jesus (dia 27) é a fonte
do amor missionário de serviço ao próximo. Sustentada pela graça divina, a Igreja
se estrutura para favorecer a comunhão, a capacitação e a missão dos discípulos do
Senhor. As limitações individuais e as dificuldades de relacionamento dos primeiros
seguidores do Mestre não o impediram de apostar no processo de amadurecimento de todos
para a missão confiada. Aquela pequena estrutura criada garantiu a alegria da convivência,
o desenvolvimento dos dons de cada um, o diálogo entre si, a corresponsabilidade das
ações, a valorização do protagonismo daqueles homens, tornando-os verdadeiros apóstolos,
profetas, mártires, líderes. Acreditamos, ainda hoje, que as estruturas eclesiais
com suas respectivas organizações são espaços privilegiados de formação, ambientes
propícios de fortalecimento dos sujeitos da evangelização. São, também, para os jovens:
casas e escolas de liderança, celeiros de vocações, formadoras de cidadãos comprometidos
com a transformação da realidade. Qualificar nossas estruturas com esta finalidade
se torna, portanto, fundamental na evangelização da juventude. Mais do que qualquer
outro grupo, as novas gerações têm o direito de encontrar em nossos espaços eclesiais
condições favoráveis para seu desenvolvimento! Por isso, devemos sempre nos perguntar:
“estamos formando líderes a partir de nossas estruturas, confiando aos jovens responsabilidades
que os valorizem em seu protagonismo? Acreditamos em sua capacidade de coordenação,
atuação, crítica construtiva, administração?”. “Participando das estruturas da
organização, o jovem desenvolve importantes habilidades de liderança, capacidade de
escutar os outros, de superar a timidez e falar em público, de organizar e comunicar
suas ideias de maneira sistematizada, de conduzir uma reunião, de analisar criticamente
a sociedade ao seu redor, de motivar e acompanhar processos individuais e grupais,
de planejar e avaliar a ação pastoral” (Doc. 85, n. 191). Ao refletir sobre o legado
da JMJ para o amadurecimento do jovem líder em nossos meios, o Encontro de Revitalização
da Pastoral Juvenil no Brasil, acontecido em dezembro passado à luz do Documento 85
da CNBB, destacou a 5ª. Linha de Ação – ESTRUTURAS DE ACOMPANHAMENTO – como uma de
suas urgências pastorais. E definiu, assim, para os próximos anos, as duas PISTAS
DE AÇÃO: 1º. estimular os responsáveis pelo acompanhamento da pastoral juvenil
a estudar os materiais existentes sobre juventude, por meio de Escolas de Formação; 2º.
organizar e articular o Setor Juventude, conforme o documento “Evangelização da Juventude”,
com clareza de objetivos e funções, respeitando e promovendo as diversas expressões
e o protagonismo juvenil. A primeira pista destaca a urgência de os responsáveis
da juventude capacitarem-se tecnicamente para utilizar melhor as estruturas como instrumento
de formação de liderança, com novas formas de envolvimento dos jovens no contexto
eclesial, favorecendo-lhes condições para seu crescimento como cristão e cidadão.
A segunda pista, a mais votada, recorda a urgência de organizar bem o Setor Diocesano
da Juventude, tornando-o espaço de comunhão das diversas expressões e serviços juvenis,
a partir das adequadas orientações do Documento 85 da CNBB. “Estamos convictos
do valor da vida em grupo! Por isso nos perguntamos se em todas as Comunidades pertencentes
às nossas Paróquias há, no mínimo, um grupo de jovens. E será que as estruturas grupais
contribuem, realmente, para a formação integral dos jovens? Nossos grupos possuem
programação consistente e acompanhamento qualificado? Constata-se, também, que
muitos jovens têm amadurecido a consciência de sua corresponsabilidade na vida da
Igreja. Mas será que estamos respondendo às suas expectativas e buscas e garantindo
ambientes adequados para recebê-los? Eis algumas sugestões para potencializar nossas
estruturas a fim de acolher os jovens no seu amadurecimento para o exercício de sua
liderança na Igreja e na sociedade: 1) fazer um levantamento dos espaços paroquias
próprios para a juventude e averiguar se eles são realmente suficientes, atraentes
e formativos; 2) incentivar grupos juvenis variados (teatro, esporte, dança, serviços
sociais, bandas, redes sociais, etc) e investir neles, garantindo, ao menos, um grupo
de jovens em cada uma das Comunidades pertencentes à Paróquia; 3) reunir os principais
líderes jovens da paróquia e, a partir deles, descobrir novas formas de atrair, reunir,
envolver e capacitar os jovens sob a força de seu protagonismo; 4) rever a proposta
pedagógica da Catequese de Crisma em vista de oferecer estratégias de organização
de grupos de jovens, antes de receberem o Sacramento da Confirmação; 5) capacitar
o coordenador de grupo para dinamizar melhor as reuniões, tornando-as consistentes
e cativantes; 6) convidar líderes jovens para participar das instâncias paroquiais
de reflexão e decisões, principalmente no Conselho Paroquial/Comunitário de Pastoral; 7)
organizar momentos de “escuta dos jovens”, fazendo com que os adultos se abram mais
para as suas preocupações, sonhos, sugestões, críticas, observações, etc.; 8) formar
os jovens a partir de ações missionárias, trabalhos voluntários, serviços à Igreja
e à Sociedade; 9) solicitar aos jovens, no exercício de seu protagonismo, sugestões
em vista de qualificar a evangelização da juventude tendo em conta a cultura midiática
e as redes sociais; 10) organizar, a partir do protagonismo juvenil, um encontro
anual de todos os adolescentes e jovens envolvidos nos diversos grupos paroquiais. Em
época de Copa do Mundo, constatamos inúmeras estruturas sendo organizadas para a sua
realização. Quanto mais se acredita em algo, mais se investe nele! Aprendamos a investir
mais nas estruturas eclesiais favoráveis aos jovens na sua busca de vitória na vida.
Jovens entusiasmados por Jesus Cristo e pela missão de sua Igreja tornam-se verdadeiros
evangelizadores, protagonistas de um novo tempo, construtores da Civilização do Amor,
profetas da paz. Que o Sagrado Coração de Jesus (dia 27) e o Imaculado Coração
de Maria (dia 28) nos ensinem a amar profundamente os jovens; e que este amor afetivo
se transforme, cada vez mais, em amor efetivo estrutural a favor de sua vida e vocação. Dom
Eduardo Pinheiro da Silva, sdb Bispo Auxiliar de Campo Grande (MS) Presidente
da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB