Pe. Pizzaballa: Cenáculo, "um dos locais mais feridos da Terra Santa"
Jerusalém (RV) – A última etapa da peregrinação do Papa Francisco à Terra Santa
foi a celebração de uma Missa no Cenáculo, na segunda-feira 26 de maio, na presença
dos Ordinários da Terra Santa e do séquito papal. O Santo Padre foi saudado – antes
de proferir sua homilia – pelo Custódio da Terra Santa, Pe. Pierbattista Pizzaballa,
que definiu o local como “um dos lugares mais feridos de toda a Terra Santa”.
O
Cenáculo é o local onde Jesus lavou os pés dos seus discípulos, onde celebrou a Última
Ceia e onde desceu o Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos. É o local que presenciou
o nascimento da Igreja e “a sua partida”, segundo afirmou Francisco em sua homilia,
fazendo referência a uma Igreja missionária. A mesma construção onde se encontra o
Cenáculo, abriga também o Túmulo de Davi, sendo portanto, um local sagrado também
para os judeus. Este fato, acaba estabelecendo uma relação direta entre a linhagem
de Davi e a de Jesus, segundo o Evangelho de Mateus.
O Cenáculo é venerado
desde o século XIV como o lugar da instituição da Eucaristia e do Sacramento da Ordem.
De fato, como recordou Pe. Pizzaballa, “do Cenáculo - adquirido em 1333 para ser doado
aos franciscanos como sua residência - os freis partiam para celebrar a Santa Missa
e os Ofícios Divinos. A abertura à evangelização missionária de São Francisco ganhou
asas na Terra de nossa redenção e a Igreja confirmou a nossa redenção e a Igreja confirmou
a nossa missão de custódios dos Lugares Santos”.
O local trocou de mão ao longo
dos séculos. Desde 1967, no entanto, é administrado por Israel. A propriedade e o
uso do Cenáculo fazem parte da agenda bilateral entre Santa Sé e Israel desde 1993,
ano em que os dois Estados estabeleceram relações.
“Não se celebra a Eucaristia
nesta sala onde Jesus partiu o pão e deu aos seus discípulos o cálice do vinho novo,
dando a eles o mandado de repetir as mesmas palavras e gestos, tornando a sua presença
real para sempre em meio a nós”, observou o franciscano, após recordar que “não existe
uma basílica para custodiar onde Jesus celebrou sua última Páscoa, onde rezou pelos
seus, onde Ressurreto, apareceu para dar a paz, onde o Espírito desceu sobre os Apóstolos
reunidos em oração com a Virgem Maria”.
Ao recordar que ali é um dos locais
mais feridos da Terra Santa, o Custódio manifestou o desejo de que “estas feridas
tenham uma ligação misteriosa e real com os estigmas da Paixão com os quais o Ressuscitado
apareceu aos seus. E que esta ligação é talmente misteriosa e real com a paz que Jesus
nos deu e deixou, a Paz que é ele mesmo, o Senhor vitorioso do mal e da morte”.
Antes
de concluir, Padre Pierbattista Pizzaballa, reiterou o desejo de que “queremos custodiar
estas feridas, junto a uma confiança na humildade de Deus, no estilo pobre e simples
de seu Reino, na paciência do grão de trigo”, recordando que aquele local “nos obriga,
em qualquer modo, a pequenos passos, nos leva ao essencial, nos faz viver na humildade
e confiança na verdade, como único caminho capaz de semear e construir comunhão e
amizade, mesmo ali onde comunhão e amizade são, há séculos, há milênios, negados”.
Antes da viagem do Papa Francisco à Terra Santa, circularam falsos rumores
de que Israel entregaria a custódia do local à Santa Sé, o que provocou protestos
e ataques à locais de culto por parte de judeus radicais. (JE)