Segundo o Jornal Público, com o centro-direita a ganhar avanço face aos socialistas,
ficando os liberais em terceiro lugar, o resultado mais dramático destas eleições
europeias foi alcançado pela extrema-direita francesa, com Marine Le Pen a conseguir
cerca de 25% dos votos. Segundo a Agência Reuters, Juncker reclamou o direito
de o PPE escolher o próximo presidente da Comissão Europeia. Os partidos de centro
direita – PPE – voltaram a ser os mais votados nas eleições europeias deste domingo,
conseguindo um avanço de quase 30 eleitos face aos socialistas, que manterão o segundo
lugar no novo Parlamento Europeu (PE). Apesar desta vitória, o PPE terá perdido
cerca de 70 deputados face às últimas eleições europeias de 2009, enquanto os socialistas
deverão ter limitado as perdas a 11 eleitos. Segundo os resultados ainda provisórios
avançados nas primeiras horas desta segunda-feira, o PPE deverá ter conseguido 28%
dos votos e eleger 212 deputados (contra 274 em 2009) num total de 751 membros da
assembleia europeia. Os socialistas deverão ter 25,7% do votos e elegido 185 deputados
(contra 196 em 2009). Os liberais manterão o seu actual terceiro lugar, com 9,9%
dos votos e 74 eleitos (contra 83 hoje) e os verdes permanecerão no quarto lugar com
7,7% dos votos e 58 deputados (mais um do que actualmente). O PPE ganhou as eleições
em países como a Alemanha, Espanha, Finlândia, Irlanda ou Eslovénia, enquanto os socialistas,
além de Portugal, terão ganho em Itália e Suécia. O novo Parlamento Europeu contará,
por outro lado, com 120 a 130 deputados extremistas, eurocépticos ou soberanistas,
um número sem precedentes que era largamente esperado em consequência da revolta contra
a União europeia (UE) que está a crescer num elevado número de países. Para além
da França a extrema-direita ficou à frente igualmente na Áustria e Dinamarca, e conseguiu
bons resultados na Finlândia – 13% dos votos e dois deputados – e Grécia, onde o partido
neo-nazi Aurora Dourada, praticamente inexistente há cinco anos, conseguiu 9,3% dos
votos e três deputados. Na Alemanha, o partido nazi também conseguiu eleger de forma
inédita um deputado. Os 99 deputados alemães incluem igualmente sete deputados do
novo partido eurocéptico (AfD), que quer acabar com o euro, e que entra pela primeira
vez no PE. Não é seguro até que ponto todos estes partidos extremistas e eurocépticos
conseguirão aliar-se para constituir um ou mais grupos parlamentares capaz de lhe
permitir multiplicar o seu poder de perturbação do PE – essa será uma das grandes
interrogações da próxima legislatura – já que em muitos aspectos defendem posições
contraditórias. No extremo oposto, o partido Syriza, esquerda radical – que tem
travado um combate contra a austeridade associada ao programa de ajuda da zona euro
e FMI ao país, ganhou as eleições com cerca de 26,4% dos votos. Mesmo assim, o Syriza
ficou aquém do resultado dos dois partidos da coligação governamental – Nova Democracia
(PPE) – 23,2% e Pasok (socialista) – cerca de 9% - que estão a aplicar o programa
de ajuda. Todos os líderes parlamentares trataram de se congratular no domingo
pelo facto de a taxa de participação eleitoral nos 28 países da UE ter finalmente
interrompido a tendência de queda contínua registada desde a primeira eleição directa
do PE, em 1979, de 61,99% dos eleitores, para 43% em 2009. A consolação é, no entanto,
magra, porque a taxa de participação progrediu apenas para 43,11%. A participação
mais baixa foi registada na Eslováquia – 13% – e a mais alta na Bélgica e Luxemburgo,
onde o voto é obrigatório, com 90%.