Papa Francisco encoraja Autoridades da Jordânia a prosseguirem no respeito pela liberdade
religiosa e da convivência pacífica
Papa Francisco encontra-se já na Jordânia, para a primeira etapa da sua peregrinação
de três dias à Terra Santa, que o levará amanhã a Belém, nos Territórios Palestinenses,
e finalmente a Jerusalém, no Estado de Israel. Esat como outros acontecimentos da
viagem papal podem ser seguidos em video no nosso site, na transmissão do Centro Televisivo
Vaticano
O avião que conduzia o Papa e a sua comitiva aterrou pontualmente
às 13 horas locais no aeroporto internacional de Amã, após um voo de quase quatro
horas. A acolher o pontífice, no aeroporto, um representante do Rei Abdallah II, o
Príncipe Ghazi bin Muahammed, para além do Patriarca Latino de Jerusalém (também Delegado
Apostólico para a Jordânia) e o Custódio da Terra Santa, o Padre Pierbattista Pizzaballa.
Segundo o protocolo jordano, a cerimónia de boas-vindas propriamente dita
teve lugar no palácio real, onde o Papa será saudado pelo Rei Abdallah II e pela Rainha
Rania (que receberam também outros dois Papas – João Paulo II, no ano 2000, e Bento
XVI, em 2009). O monarca jordano encontrou-se já duas vezes com o Papa Francisco,
no Vaticano, em agosto de 2013 e em abril passado).
Seguiu-se o encontro
com as Autoridades Jordanas, umas 300 pessoas ao todo, incluindo o Corpo Diplomático
e os mais importantes representantes religiosos da Jordânia.
No discurso então
proferido, o Santo Padre exprimiu todo o seu apreço às autoridades do país e a toda
a sociedade jordana pelo acolhimento dispensado a um elevadíssimo número de refugiados
palestinenses, iraquianos e de outros países da área, sobretudo da Síria. Constatando
a persistência de fortes tensões no Médio Oriente, o Papa congratulou-se pelo empenho
da Jordânia a favor de uma paz duradoura para toda a região – nomeadamente com uma
urgente solução pacífica para a crise síria e uma solução justa para o conflito israelita-palestinense.
Especial relevo mereceu, nas palavras do Papa a saudação à comunidade muçulmana,
com explícita referência à liderança desempenhada pela Casa real na “promoção duma
compreensão mais adequada das virtudes proclamados pelo Islão e da serena convivência
entre os fiéis das diferentes religiões”.
Finalmente, uma “saudação cheia
de afeto” às comunidades cristãs, presentes no país (recordou o Papa) desde a era
apostólica, oferecendo desde sempre a sua contribuição para o bem comum da sociedade.
Embora estas comunidades sejam hoje em dia numericamente minoritárias, contudo desempenham
uma apreciada ação no campo da educação e da saúde, e podem tranquilamente professar
a sua fé, no respeito pela liberdade religiosa. Trata-se – sublinhou o Papa – de um
direito fundamental que espero vivamente “seja tido em grande consideração em todo
o Médio Oriente e no mundo inteiro”.
Agradeço
a Deus por poder visitar o Reino Hachemita da Jordânia, seguindo os passos dos meus
antecessores Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, e agradeço a Sua Majestade o Rei
Abdullah II pelas suas cordiais palavras de boas-vindas, com viva recordação do recente
encontro no Vaticano. Estendo a minha saudação aos membros da Família Real, ao Governo
e ao povo da Jordânia, uma terra rica de história e de grande significado religioso
para o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
Este
País oferece generoso acolhimento a um grande número de refugiados palestinenses,
iraquianos e vindos de outras áreas de crise, nomeadamente da vizinha Síria, abalada
por um conflito que já dura há muito tempo. Tal acolhimento merece a estima e o apoio
da comunidade internacional. A Igreja Católica quer, na medida das suas possibilidades,
empenhar-se na assistência aos refugiados e a quem vive em necessidade, sobretudo
através da Cáritas Jordana. Ao mesmo tempo que constato,
com pena, a persistência de fortes tensões na área médio-oriental, agradeço às autoridades
do Reino aquilo que fazem e encorajo a continuarem a empenhar-se na busca da desejada
paz duradoura para toda a região; para tal objectivo, torna-se imensamente necessária
e urgente uma solução pacífica para a crise síria, bem como uma solução justa para
o conflito israelita-palestinense.
Aproveito esta
oportunidade para renovar o meu profundo respeito e a minha estima à comunidade muçulmana
e manifestar o meu apreço pela função de guia desempenhada por Sua Majestade o Rei
na promoção duma compreensão mais adequada das virtudes proclamadas pelo Islã e da
serena convivência entre os fiéis das diferentes religiões. Exprimo a minha gratidão
à Jordânia por ter incentivado uma série de importantes iniciativas em prol do diálogo
inter-religioso visando promover a compreensão entre judeus, cristãos e muçulmanos,
nomeadamente a «Mensagem Inter-religiosa de Aman», e por ter promovido no âmbito da
ONU a celebração anual da «Semana de Harmonia entre as Religiões».
Uma
saudação cheia de afecto quero agora dirigir às comunidades cristãs, que, presentes
no país desde a era apostólica, oferecem a sua contribuição para o bem comum da sociedade
na qual estão plenamente inseridas. Embora hoje sejam numericamente minoritárias,
conseguem desempenhar uma qualificada e apreciada acção no campo da educação e da
saúde, através de escolas e hospitais, e podem professar com tranquilidade a sua fé,
no respeito da liberdade religiosa, que é um direito humano fundamental, esperando
vivamente que o mesmo seja tido em grande consideração em todo o Médio Oriente e no
mundo inteiro. Tal direito «implica tanto a liberdade individual e colectiva de seguir
a própria consciência em matéria de religião, como a liberdade de culto (...), a liberdade
de escolher a religião que se crê ser verdadeira e de manifestar publicamente a própria
crença» (BENTO XVI, Exort. ap. Ecclesia in Medio Oriente, 26). Os cristãos sentem-se
e são cidadãos de pleno direito e pretendem contribuir para a construção da sociedade,
juntamente com os seus compatriotas muçulmanos, oferecendo a sua específica contribuição.
Por fim, formulo sentidos votos de paz e prosperidade para o
Reino da Jordânia e seu povo, com a esperança de que esta visita contribua para incrementar
e promover boas e cordiais relações entre cristãos e muçulmanos. Agradeço-vos
pela vossa hospitalidade e cortesia. Deus Omnipotente e Misericordioso conceda a Suas
Majestades felicidade e longa vida e cubra a Jordânia com as suas bênçãos. Salam!
Momento
culminante deste primeiro dia de viagem será a Missa que o Papa celebra num estádio
de Amã. Ao fim da tarde, um encontro com refugiados e com pessoas deficientes.