Roma (RV) - “Esperamos que o Espírito Santo aja para abrir os corações. Na
política se age para obter o máximo, mas se nos colocamos em uma visão humanista,
podemos crer que tudo nos pertence mesmo se pertence aos outros, podemos então encontrar
uma união, não apesar da diversidade, mas graças à diversidade, que é um enriquecimento”:
foi o que disse Padre Samir Khalil Samir SJ - diretor do Centro de Documentação e
Pesquisa árabe-cristão da Universidade São José de Beirute, Líbano, falando sobre
a Viagem Apostólica do Papa que se realizará entre os dias 24 e 26 de maio à Terra
Santa. Padre Samir exprime um desejo: “O que nós no Oriente invocamos é uma pequena
coisa, mas de grande valor simbólico: a unificação do calendário litúrgico para poder
festejar juntos, católicos e ortodoxos. É triste que se festejem duas vezes a Paixão
e a Ressurreição de Cristo”.
Já o jornalista italiano Giorgio Bernardelli,
conhecedor do Oriente Médio convida a olhar com grande interesse a etapa na Jordânia:
“O encontro com os pobres e com os refugiados ali será muito forte e será também a
oportunidade para destacar o rosto humano desta viagem”, disse à Rádio Vaticano. “Frequentemente,
em circunstâncias como essa, se tende a colocar sempre em primeiro plano a dimensão
política, sobretudo no Oriente Médio, onde cada palavra, cada gesto é puxado para
um lado ou para outro. Ao invés, a força desta viagem está na capacidade de Francisco
de conseguir levar o rosto humano nas tragédias que se vivem. O Papa tocará certamente
as cordas mais profundas dos corações para superar as barreiras. Este é o desafio
mais difícil, dar novamente esperança. Não vimos derramamento de sangue nos últimos
anos e por isso não percebemos a dramaticidade das tensões nesta região, mas essas
tensões existem”.
Voltando às relações entre cristianismo e islamismo, Adnane
Mokrani teólogo muçulmano, docente de Diálogo Islamico-Cristão no Pontifício Instituto
de Estudos Árabes e de Islamística, sublinha que “os cristãos estão diminuindo muito
na Terra Santa. Vejo então na visita do Papa um encorajamento a permanecer. A presença
deles, de fato, é uma resistência cultural. Os próprios muçulmanos têm necessidade
da sua presença, porque uma sociedade palestina plural, onde muçulmanos e cristãos
vivem juntos, faz parte da identidade mesma palestina. Perder um componente desta
identidade seria uma perda grave para os muçulmanos”. E acrescenta: “espero também
que a visita do Papa seja uma ocasião para pensar naqueles que estão sofrendo. Será
um ato de solidariedade e um sinal de paz”. (SP)