Os 50 anos do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso

Cidade do Vaticano (RV) – Instituído em 19 de maio de 1964 pelo Papa Paulo VI, o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso completa 50 anos nesta segunda-feira. Na parte da manhã, o Cardeal Gianfranco Ravasi presidiu uma Missa na Basílica de São Pedro. Na homilia, proferida pelo Cardeal Jean-Louis Tauran, foi sublinhado que “junto aos seguidores das religiões monoteístas”, os cristãos têm “o dever de recordar a todos que somos criaturas”.

“A celebração – prosseguiu o purpurado – constitui uma ocasião para se interrogar se somos parceiros críveis do diálogo” e “reconhecer que um diálogo sincero com pessoas que não partilham a nossa fé nos ajuda a crescer na nossa vida espiritual”.

“Nenhum peregrino, por mais longe que esteja, religiosa ou geograficamente, ou o país de onde vem, nunca será totalmente estrangeiro nesta Roma, fiel ainda hoje ao programa histórico que a fé católica a conserva como patria communis”. Assim o Papa Montini anunciava, há meio século, o nascimento do Secretariado para os Não-cristãos, “com o objetivo de promover a compreensão mútua, o respeito e a colaboração entre católicos e seguidores de outras tradições religiosas”, excluídas as relações entre cristãos e judeus, de competência da Comissão para as Relações Religiosas com o Judaísmo.

Em 1988, a Comissão passa a ser denominada como Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, enriquecido então pelos ensinamentos da Encíclica Redemptoris Mater, de João Paulo II. Aprofunda-se a dimensão do diálogo que implica “o falar e o escutar, o dar e o receber, para um mutuo desenvolvimento e enriquecimento”. “Um diálogo que é testemunho da própria fé, mas, ao mesmo tempo, uma abertura aos outros. Não é uma traição da missão da Igreja e nem mesmo um novo método de conversão ao cristianismo”.

Diálogo conduzido principalmente através das Igrejas locais, trocas de visitas em Roma e no exterior entre o Conselho e representantes de outras religiões, assim como a promoção e a organização de eventos e a publicação de documentos, opúsculos e livros.

“A colaboração inter-religiosa – sublinhava Bento XVI por ocasião da X Assembléia Plenária do Conselho – oferece a oportunidade para expressar os ideais mais elevados de cada tradição religiosa”, contribuindo “a edificar pontos de compreensão além dos confins religiosos”. O Papa Ratzinger recomendava também “discernimento diante da grande proliferação de encontros inter-religiosos” e “a necessidade de uma boa formação para aqueles que promovem o diálogo inter-religioso”.

“Não podemos viver ligações verdadeiras com Deus ignorando os outros”, afirmou o Papa Francisco ao receber o Corpo Diplomático em 2013. “Por isto – acrescentou – é importante intensificar o diálogo entre as várias religiões”.

No encontro comemorativo pelos 50 anos de fundação do organismo de diálogo inter-religioso, será distribuído o documento “Diálogo na verdade e caridade. Orientações pastorais para o diálogo inter-religioso”. (JE)