2014-05-19 20:13:20

Card. Tauran: "Chegamos ao 'diálogo da amizade' de Francisco"


Cidade do Vaticano (RV) - «Os tempos em que vivemos, onde frequentemente os conflitos tomam a cor de diferenças religiosas, tornam as relações e o diálogo entre pessoas de diferentes religiões mais necessárias do que nunca». Foi o que afirmou o Cardeal Jean Louis Tauran, ao introduzir nesta segunda-feira, 19 de maio, as celebrações organizadas por ocasião do 50º aniversário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.

Na homilia proferida na Missa celebrada na Basílica de São Pedro nesta manhã, e presidida pelo Cardeal Gianfranco Ravasi, o Presidente do Pontifício Conselho explicou que “hoje se fala muito de Deus, mas trata-se, frequentemente, de um deus feito à medida do homem”. Por isto, “com os seguidores das religiões monoteístas temos o dever de recordar a todos que somos criaturas”. Acreditamos em um Deus criador que continua a nos falar através dos acontecimentos e experiências que podem pouco a pouco nos aproximar do único Deus”. Desta forma, as celebrações do aniversário constituem uma ocasião para “interrogar-se se somos um parceiro crível do diálogo; tomar consciência das riquezas espirituais acumuladas nestes anos; perguntarmo-nos se temos a preocupação de fazê-las conhecer; reconhecer que um diálogo sincero com pessoas que não partilham a nossa fé nos ajuda a crescer na nossa vida espiritual”.

Os participantes da celebração encontraram-se posteriormente, na parte da tarde, na Sala São Pio X. Na saudação inicial, o Cardeal Presidente assim sintetizou o magistério dos pontífices sobre o assunto: após o “diálogo com o mundo” de Paulo VI, o “diálogo da paz” de João Paulo II, o “diálogo da caridade na verdade” de Bento XVI, chegamos agora ao “diálogo da amizade” de Papa Francisco. Um diálogo – acrescentou – que deve ser levado em frente com coragem, com paciente perseverança, confiando no apoio do Espírito Santo”, visto que o dicastério foi instituído justamente no dia de Pentecostes.

O Cardeal Tauran recordou ainda “os momentos difíceis, quando parecia prevalecer a incompreensão, a impossibilidade de comunicar e até mesmo a rejeição”. De resto – acrescentou – nestes cinqüenta anos “foram inumeráveis as ocasiões de diálogo sincero, de colaboração, de busca de caminhos comuns”. E hoje o dicastério continua a “ajudar a Igreja no caminhar ao encontro dos seguidores de outras religiões”.

Por fim, o purpurado deteve-se no “trabalho de reflexão teológica” do Pontifício Conselho, voltado para uma “abundante produção de textos”, como por exemplo, os dois documentos Diálogo e missão (1984) e Diálogo e anúncio (1990), ou as mais recentes linhas mestras para orientações pastorais ao diálogo inter-religioso, apresentadas durante a última plenária

Sucessivamente tomou a palavra o Secretário do Pontifício Conselho, Padre Miguel Ángel Ayuso Guixot, que leu a mensagem do Papa Francisco. No seu pronunciamento, o missionário comboniano repassou cronologicamente os cinqüenta anos de serviço desenvolvido pelo dicastério para “favorecer relações amigáveis da Igreja com os seguidores das religiões não-cristãs”. Isto, recordou, surgiu da experiência do Vaticano II, que “ao colocar-se na escuta de um mundo em rápida mudança, trabalhou para que o testemunho do Evangelho de Jesus chegasse onde as fronteiras pareciam intransponíveis: no coração dos homens e das mulheres que praticam outras religiões, na modalidade própria do encontro amigável que é a do diálogo”. Nascia assim o Secretariado para os Não-cristãos. A Constituição Apostólica Regimini ecclesiae universae (15 agosto de 1967) definiu a sua estrutura e as finalidades.

Por fim, em 1988, no âmbito da reorganização da Cúria operada pela Constituição Apostólica Pastor bônus, de 28 de junho 1988, foi mudada a denominação de Secretariado para Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.

Pe. Guixot recordou também todos os Presidentes e Secretários que se alternaram à frente do dicastério e as principais etapas cumpridas, como as viagens e as visitas realizadas em favor do diálogo, os documentos teológicos, as trocas de mensagens e, em particular, os dias de oração pela paz em Assis, em 1986, 1993 e 2002. O primeiro dos três, realizado por João Paulo II aos qual aderiram cerca de 30 representantes de diversas religiões. Quando a iniciativa foi reproposta por Bento XVI, em 27 de outubro de 2011, viu a participação de 180 expoentes de diferentes denominações. (JE)









All the contents on this site are copyrighted ©.