A Semana do Papa – uma síntese das principais atividades de 12 a 18 de maio
Na segunda-feira
dia 12 o Papa Francisco afirmou na homilia da Missa em Santa Marta que o Espírito
Santo faz a Igreja avançar para além dos limites e interrogou-se dizendo: “quem
somos nós para fechar portas e colocar impedimentos”:
"Quando o Senhor
nos faz ver o caminho, quem somos nós para dizer: 'Não, senhor, não é prudente! Não,
façamos assim’ ... E Pedro naquela primeira diocese - a primeira diocese foi Antioquia
- toma esta decisão: ‘Quem sou eu para pôr impedimentos?’. Uma ótima palavra para
os bispos, os sacerdotes e também para os cristãos. Mas quem somos nós para fechar
portas?
Também na segunda-feira o Papa Francisco esteve com os alunos dos
colégios pontifícios e Institutos de Roma numa audiência no Sala Paolo VI. Foi uma
ocasião extraordinária para falar de coração aberto sobre a Igreja, o sacerdócio,
as tentações e os desafios dos consagrados. O Santo Padre deteve-se longamente com
seminaristas e sacerdotes, sem nenhum texto preparado. Recordou os quatro pilares
para a sua integral formação: a formação espiritual, a formação académica, a formação
comunitária e a formação apostólica. Mas apontou um perigo a evitar:
Respondendo
à uma pergunta sobre a formação sacerdotal, o Papa chamou a atenção para o "perigo
do academicismo" que acaba fazendo com que se volte de Roma para as dioceses mais
como "doutores" do que como "presbíteros":
Vem-se a Roma, observou o Papa,
para a formação intelectual, mas não se pode entender um padre que não tenha uma vida
comunitária, uma vida espiritual e apostólica. "O purismo académico – advertiu – não
faz bem". O Senhor, acrescentou o Papa Francisco, "chamou-vos a serdes sacerdotes,
presbíteros: esta é a regra fundamental:
"Se somente se vê a parte académica
há o perigo de cair nas ideologias, e isso faz adoecer. Adoece também a conceção de
Igreja. Para compreender a Igreja é preciso entendê-la a partir do estudo, mas também
da oração, da vida comunitária e da vida apostólica. Quando caímos numa ideologia,
porque somos macrocéfalos, por exemplo, e seguimos por esse caminho, temos uma hermenêutica
não cristã, uma hermenêutica da Igreja ideológica. E isso faz mal, essa é uma doença".
Dia 13 Na terça-feira dia 13 de maio o Papa Francisco na Missa em
Santa Marta afirmou que “quem acha que sabe tudo não pode entender Deus”. As
leituras do dia propunham dois grupos nos primeiros anos do cristianismo: os que evangelizavam
indo ao encontro mesmo daqueles que eram povos pagãos e eram dóceis ao Espírito Santo;
e um outro grupo caracterizado pela insensibilidade ao sopro do Espírito, eram os
doutores da lei – gente para quem não existe coração, amor, beleza ou harmonia. Gente
que quer apenas explicações – sublinhou o Papa Francisco:
“E tu dás-lhes
explicações e eles, não convencidos, voltam com outra pergunta. E assim: andam, andam...
Como andaram à volta de Jesus toda uma vida, até ao momento que conseguiram apanhá-lo
e matá-lo! Estes não abrem o coração ao Espírito Santo! Crêem que mesmo as coisas
de Deus se possam entender apenas com a cabeça, com as ideias. São orgulhosos. Acreditam
que sabem tudo. E aquilo que não entra na sua inteligência não é verdade. Até podes
ressuscitar um morto à sua frente, que não acreditam!”
“Esta gente tinha-se
desligado, não acreditava no Povo de Deus, acreditavam apenas nas suas coisas e, assim,
tinham construído todo um sistema de mandamentos que distanciavam a gente impedindo-as
de entrar na Igreja, no povo. Não podiam crer! Este é o pecado de resistir ao Espírito
Santo.”
Dia 14 Na quarta-feira, dia 14, o Papa Francisco
desenvolveu na sua catequese mais um dos dons do Espírito Santo. Desta vez foi o dom
da fortaleza, tendo recordado a parábola do semeador frisando que só a semente que
cai no bom terreno pode crescer e dar bom fruto. Sendo que nesta parábola o semeador
é o Pai que distribui abundantemente a semente da sua Palavra:
“ A semente,
muitas vezes, confronta-se com a aridez do nosso coração e mesmo quando é acolhida
arrisca-se a ficar estéril. Com o dom da fortaleza, ao contrário, o Espírito Santo
liberta o terreno do nosso coração das tibiezas, das incertezas e de todos os temores
que possam travá-lo, de forma que a Palavra do Senhor seja colocada em prática em
modo autêntico e alegre.”
Durante as saudações aos peregrinos de língua
italiana o Santo Padre lançou dois apelos – pelos mineiros soterrados na Turquia e
pelos imigrantes mortos no Mediterrâneo: “Caros irmãos, convido-vos a rezar
pelos mineiros que ontem morreram na mina de Soma na Turquia, e por todos os que se
encontram encurralados nas galerias. O Senhor acolha os defuntos na sua casa e dê
conforto aos seus familiares.”
“E rezemos também por aquelas pessoas
que nestes dias perderam a vida no Mar Mediterrâneo. Metam-se em primeiro lugar os
direitos humanos e unam-se as forças para prevenir estas tragédias vergonhosas.”
Dia 15 Na quinta-feira, dia 15, o Santo Padre recebeu, em audiência
conjunta, sete novos Embaixadores junto da Santa Sé, para a apresentação das Cartas
Credenciais. Tratam-se dos Representantes da Etiópia, Índia, Jamaica, Libéria, República
Sul Africana, Sudão e Suíça. No importante discurso que pronunciou nesta circunstância,
o Papa Francisco falou da construção da paz, detendo-se em duas questões, bem atuais,
ligadas entre si, porque ligadas aos conflitos em curso: o comércio das armas e as
migrações forçadas.
“Infelizmente há muitas histórias que nos fazem chorar
e envergonhar: seres humanos, nossos irmãos e irmãs, filhos de Deus, que, levados
pela vontade de viver e trabalhar em paz, enfrentam viagens massacrantes e são vítimas
de chantagem, torturas e abusos de todo o género para acabarem por morrer no deserto
ou no fundo do mar”.
“São feridas de um mundo que é o nosso mundo, no
qual Deus nos colocou a viver hoje em dia e nos chama a sermos responsáveis dos nossos
irmãos e irmãs, para que nenhum ser humano seja violado na sua dignidade. Logo
pela manhã do dia 15 o Papa Francisco afirmou na Missa em Santa Marta que não há cristãos
sem a Igreja:
“Não se pode entender um cristão sozinho, como não se pode
entender Jesus Cristo sozinho. Jesus Cristo não caiu do céu como um herói que nos
vem salvar. Não. Jesus Cristo tem história. E podemos dizer e é verdade isto: Deus
tem história, porque quis caminhar connosco. E não se pode entender Jesus Cristo sem
história. Assim um cristão sem história , um cristão sem povo, um cristão sem Igreja
não se pode entender. É uma coisa de laboratório, uma coisa artificial, uma coisa
que não pode dar vida.”
Dia 16 Na sexta-feira na homilia em Santa
Marta o Papa Francisco afirmou que para conhecer Jesus não bastam estudos e ideias
é preciso rezar, celebrar e imitar. Para conhecermos o caminho, verdade e vida que
é Jesus o Papa Francisco preconizou a abertura de três portas: “Primeira porta:
rezar Jesus. Sabei que o estudo sem oração não serve. Rezar Jesus para conhecê-lo
melhor. Os grandes teólogos fazem teologia de joelhos. Rezar Jesus! E com o estudo
e a oração aproximamo-nos um pouco... Mas sem a oração nunca conheceremos Jesus. Nunca!
Nunca! Segunda porta: celebrar Jesus. Não chega a oração é necessária a alegria da
celebração. Celebrar Jesus nos seus Sacramentos, porque é ali que nos dá a vida, a
força, a comida e o conforto, dá-nos a aliança e a missão. Sem a celebração dos Sacramentos,
não chegamos a conhecer Jesus. Isto é próprio da Igreja: a celebração. Terceira porta:
imitar Jesus. Pegar no Evangelho: o que é que Ele fez, como era a sua vida, o que
nos disse, o que nos ensinou e tentarmos imitá-Lo.”
Dia 18
No
Regina Coeli de domingo dia 18, o Papa Francisco afirmou que os problemas na Igreja
resolvem-se confrontando-se, debatendo e rezando. Por isso, nada de mexericos, invejas
e ciúmes: “Compreendestes bem? Nada de mexericos, nada de inveja, nada de ciúmes!”
(RS)