"Terra do Fogo": direito à saúde deve vir em primeiro lugar, diz Papa Francisco
Cidade do Vaticano
(RV) – Peregrinos da região da Campanha, sul da Itália, também estiveram presentes
na Audiência Geral na manhã desta quarta-feira, na Praça São Pedro. São pessoas que
moram na chamada “Terra do Fogo”, uma área marcada por interesses econômicos e pela
presença ilegal da Camorra, uma organização criminosa de Nápoles. Depois da catequese,
o Papa Francisco se dirigiu a esses peregrinos, lembrando o drama vivido naquela região: Saúdo
a delegação dos habitantes da chamada “Terra do Fogo e do Veneno”, na Campanha e,
ao expressar a minha proximidade espiritual a eles, espero que a dignidade da pessoa
humana e os direitos à saúde venham sempre antes de qualquer outro interesse. O
pároco da cidade de Caivano, Maurizio Patriciello, também esteve presente na audiência.
Um sacerdote-símbolo na luta contra a destruição do meio ambiente, sempre empenhado
em denunciar os casos relacionados ao tráfico de resíduos tóxicos: Eu acho que
chegou a hora, agora, para fazer das palavras do Papa, o nosso modelo de vida: a dignidade
da pessoa humana em primeiro lugar. Vem antes o homem e, depois, todas as outras coisas
devem servir o homem; quando, ao contrário, por ganância, se maltrata o homem, se
maltrata a Criatura. Nós, cristãos, nos encontramos perante um grande pecado, enquanto
que os nossos políticos que nos governam se encontram perante um ato muito perigoso
de negligência. Eu acho, eu acredito, eu espero, eu quero acreditar, com todo o coração,
que os primeiros a acolher essas palavras do Papa sejam aqueles que estão nos governando:
as respostas até hoje têm sido sempre respostas muito, muito lentas e parciais. Depois
da audiência, o pároco Patriciello encontrou o Papa Francisco: Nós chegamos
aqui hoje de manhã: somos milhares de pessoas, incluindo as mães das nossas crianças
mortas. Havia inclusive algumas crianças doentes, em especial Luís, em cadeira de
rodas, que hoje está muito feliz porque viu o Papa, conseguiu abraçar o Papa... E
voltamos pra casa com essa esperança a mais! Eu tive, por alguns minutos, a chance
de encontrá-lo: ele abençoou o meu tercinho. Ele disse: ‘Eu abençoo o seu terço e
você reza por mim’. Eu tive a oportunidade de dizer: sou um dos párocos da “Terra
do Fogo”. Ele me olhou, apertou as minhas mãos, assim, olhou pra mim como se fosse
dizer: ‘Estou ciente desse drama’... A atenção à Criatura, hoje, não é mais facultativa:
é mesmo uma emergência. O nosso povo tem rezado sempre para o Papa e sente esse laço
afetivo, além de teológico, pastoral, espiritual com o sucessor de Pedro. Esta
não é a primeira vez que o Papa Francisco dá um sinal forte em relação a um drama
que atinge, principalmente, pequenos inocentes. Na Páscoa, ele dedicou um momento
da via Crucis para lembrar as vítimas que sofrem com atividades ilegais da máfia contra
o meio ambiente. (AC)