AG: atividades dos bispos reunidos em Aparecida entram na fase final
Aparecida
(RV) – Neste penúltimo dia de atividades da 52ª Assembleia Geral dos Bispos do
Brasil, os trabalhos tiveram início com a celebração eucarística na Basílica de Nossa
Senhora presidida por Dom Jacinto Bergmann, Arcebispo de Pelotas, RS, e concelebrada
pelos Bispos referenciais de Catequese dos Regionais. Hoje, a celebração teve como
intenção especial a ação de graças pela publicação da Constituição Dogmática “Dei
Verbum” sobre a Palavra de Deus, aprovada na quarta sessão do Concílio Vaticano II,
em 1965. O livro da Palavra de Deus foi simbolicamente acolhido durante a missa, numa
procissão conduzida por colaboradores da Conferência dos Bispos. Em sua homilia,
ao retomar a primeira leitura tirada dos Atos dos Apóstolos (8,26-40) que relata a
atividade missionária de Felipe e o batismo de um eunuco, dom Jacinto questionou:
“Após sermos instrumentos da Palavra e da graça dos sacramentos, somos arrebatados
pelo Espírito Santo para novas missões? Somos capazes de chegar aos novos ambientes
e regiões de missão, evangelizando até chegar à nossa Cesárea definitiva?” Para o
arcebispo, a passagem bíblica interpela a comunidade cristã para assumir o compromisso
de uma verdadeira animação bíblica da vida e da pastoral. O arcebispo agradeceu
a Deus pela reflexão, profunda e clara que brota da Constituição Dogmática, e elencou
alguns de seus frutos. “Nossa Igreja tornou-se mais atenta em escutar o Senhor, mais
profética em anunciar a Palavra e mais misericordiosa em servir a todos. A partir
da Dei Verbum, a Bíblia foi devolvida e colocada nas mãos dos fiéis católicos”, afirmou.
Dom Jacinto destacou que da publicação deste documento brotou uma corajosa pastoral
bíblica e também uma ação geradora de transformação na vida das pessoas. Os bispos
do Brasil, reunidos em Aparecida, discutiram hoje, 8, pela manhã, o Projeto Brasil,
uma iniciativa da CNBB por ocasião das eleições 2014. São ações propostas à sociedade
para o período eleitoral, convocando os cidadãos a se prepararem conscientemente para
o momento da eleição. Na sequência dos trabalhos, conteúdos de liturgia foram
apresentados pelo Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (CETEL) da CNBB, responsável
também pela revisão do Missal Romano para a Igreja no Brasil. O episcopado brasileiro
também retoma as discussões do tema prioritário, “Os cristãos leigos e leigas”, que
analisa a atuação dos cristãos na Igreja e no mundo, diante dos desafios e mudanças
na vida em sociedade. O texto volta ao plenário para avaliação e votação. Os bispos
acompanham, ainda, o relatório do 13º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base
(CEBs), realizado de 7 a 11 de janeiro, em Juazeiro do Norte (CE). O evento reuniu
mais de 4 mil participantes, entre eles lideranças indígenas no Brasil que pediram
maior agilidade na defesa de seus territórios e a preservação de suas culturas. O
tema do 13º Intereclesial foi “Justiça e Profecia a serviço da Vida” e lema “CEBs
romeiras do reino no campo e na cidade”. Já no dia de ontem o Arcebispo do Rio
de Janeiro (RJ), Cardeal Orani João Tempesta, apresentou aos jornalistas, o Diretório
de Comunicação da Igreja no Brasil. Trata-se do Documento número 99 da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil. Foi durante a gestão de Dom Orani, na presidência
da Comissão para a Comunicação, que foi retomada a proposta de produção do Documento,
a partir da publicação do Estudo 101 “A Comunicação na vida e missão da Igreja”. Dom
Orani relembrou os caminhos percorridos para a produção do Diretório e disse que a
Igreja sempre esteve atenta às transformações tecnológicas. E esse documento chega
em um momento em que a Igreja celebra os 50 anos Concílio Ecumênico Vaticano II, com
a promulgação do Decreto Inter Mirifica, sobre comunicação”, destacou Dom Orani. A
Rádio Vaticano conversou com Dom Orani… Ainda durante os trabalhos de ontem da
Assembleia Geral foi aprovada, por unanimidade, a realização do Ano da Paz. Durante
a reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep), que reúne a presidência da CNBB
e os presidentes das Comissões da entidade, serão definidas atividades e propostas
de ações para a vivência deste momento. O ano da paz terá início no primeiro domingo
do Advento (30 de novembro de 2014) e vai até o Natal de 2015. De acordo com o Bispo
auxiliar de Brasília (DF) e Secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, a paz
está relacionada com as relações. “A paz é vital para as relações, a paz nasce de
relações novas, de relações equilibradas", disse. Para ele, o aumento da violência
dá a sensação de relações quebradas. “É preciso ajudar a reconstruir este tecido de
elos, de relações”, comentou. Dom Leonardo explicou que o ano da paz pode contribuir
na reflexão sobre os motivos da violência. “Um ano da paz pode nos ajudar muito: refletir
sobre o porquê da violência, sobre a necessidade da paz, mas também busca, junto à
população, junto às nossas comunidades, momentos onde eles possam expressar que desejam
viver em harmonia e em fraternidade”, sinalizou. (De Aparecida para a Rádio Vaticano,
Silvonei José)