Cardeal Turkson: Empresários cristãos mobilizados a trabalhar para o bem comum
Lisboa (RV) - O Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e Paz (CPJP),
Cardeal Peter Turkson, sublinhou nesta terça-feira, em Lisboa, a necessidade dos empresários
cristãos se comprometerem com a construção de uma economia cada vez mais a serviço
do bem comum.
Num encontro com gestores de diversas áreas de atividade, no
âmbito da apresentação, em Portugal, do documento "A vocação do líder empresarial",
o purpurado exortou os participantes a "não separarem no seu quotidiano, a fé da atividade
profissional".
"Trata-se de colocar a fé também no centro do mundo dos negócios.
Os cristãos têm de se conscientizar de que a fé não pode ser uma matéria guardada
no íntimo de cada um, mas sim uma relação que inspira à ação, a um estilo de vida
que corresponda a essa crença", frisou o cardeal ganense, em entrevista à Agência
Ecclesia.
Criado pelo CPJP, o texto disponível em 15 línguas incluindo o português,
surge como um manual prático de conduta para os empresários de todo o mundo.
Uma
das principais interpelações presentes no documento é que os "agentes econômicos sejam
continuadores, na sociedade, da força criadora de Deus".
Entre outros aspetos,
o livro de 32 páginas destaca que a atividade empresarial deve ser um motor de "paz
e prosperidade", gerando não só riqueza material, mas também "produzindo bens que
sejam realmente bons e serviços que servem verdadeiramente; estando alerta para as
oportunidades de servirem as populações carentes; promovendo a especial dignidade
do trabalho humano"; sendo "justas na alocação dos recursos".
Para o Cardeal
Turkson, é essencial que a mensagem passe para "as novas gerações de líderes", e para
isso é preciso "ir à fonte", em ligação com as universidades e institutos educacionais,
e inculcar nos jovens um novo tipo de "conduta social" que tenha em atenção os princípios
presentes na Doutrina Social da Igreja como a solidariedade e a caridade.
"Estes
princípios não devem ser vistos como algo oposto às regras de gestão, mas sim como
algo que pode ajudar e inspirar as pessoas a encararem a sua atividade de outra perspectiva",
salientou o purpurado.
Além de ressaltar o combate de problemas como a injustiça,
a fraude ou a concorrência desleal no mundo dos negócios, a Igreja Católica sublinha
a importância de encarar a gestão como um “serviço” onde deve haver cada vez mais
lugar para noções como a “gratuidade” e a “caridade”. (MJ/Agência Ecclesia)