2014-05-03 17:38:44

Papa aos Bispos do Sri Lanka: "trabalhem pela paz e pela reconciliação"


Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu esta manhã, no Vaticano, os Bispos do Sri Lanka, em visita ‘ad Limina’. No seu discurso, o Pontífice encorajou os trabalhos de reconciliação e de reconstrução da sociedade civil no Sri Lanka. O Papa recordou o empenho das realidades ligadas à Igreja Católica e exortou a respeitar a dignidade e o primado da família.

O Sri Lanka tem necessidade do fermento do Evangelho. O Papa Francisco recordou aos bispos cingaleses que os dons da fé são partilhados sobretudo em um país onde se vislumbra “um novo amanhecer de esperança”. Após anos de guerra, de fato, retornou a paz e as pessoas estão buscando “reconstruir as suas vidas e as suas comunidades. “Muito trabalho – escreve o Papa – deve ser feito para promover a reconciliação, pelo respeito aos direitos humanos e para superar as tensões étnicas remanescentes”.

Francisco recordou que a Igreja do Sri Lanka vive uma particular unidade, “dentro dela, cingaleses e tâmeis encontram a oportunidade para estudar, trabalhar e freqüentar juntos a paróquia” sem negar as dificuldades, os medos e a falta de confiança. “A fé - acrescenta o Papa – pode facilitar a criação de uma atmosfera de diálogo para construir uma sociedade mais justa”.

A face da Igreja no cingalesa é misericordiosa. O Pontífice recorda a obra da Caritas local após o tsunami de 2004 e os esforços no compromisso de reconciliação e reconstrução pós-bélica. Importante também a dedicação nos setores da educação, da saúde e na assistência aos pobres. No contexto geral de crescimento econômico, “este testemunho profético de serviço – escreve Francisco na mensagem dirigida aos prelados – demonstra que os pobres não podem ser esquecidos nem pode ser permitida uma crescente desigualdade”. Então, o Papa convida os bispos a trabalhar por uma sociedade sempre mais inclusiva.

“O Sri Lanka – acrescentou o Papa – não é somente um país com diversidade étnica, mas também de tradições religiosas diversas”, portanto é importante o diálogo inter-religioso para promover a consciência e o enriquecimento recíproco. O Pontífice, porém, não esconde a preocupação com o crescimento do extremismo religioso que “ao promover um falso sentido de unidade nacional baseado numa particular identidade religiosa, cria tensões através vários atos de intimidações e de violência”. A Igreja, sublinha, deve permanecer firme, não obstante as tensões que poderiam minar as relações entre as diferentes religiões.

O Papa Francisco recordou também a contribuição que os sacerdotes dão na promoção da reconciliação e do diálogo. São “uma grande bênção e um fruto direto das sementes missionárias plantadas há muito tempo”. O Santo Padre, então, convida os bispos a serem “pais” atentos à formação humana, intelectual, espiritual e pastoral, não somente durante o seminário, mas “por toda a vida”. O Papa dirigiu um pensamento especial aos consagrados, às consagradas, aos leigos: “a vossa vocação é fundamental parara a difusão do Evangelho”, sobretudo nas zonas rurais.


Por fim, o Papa concentra-se sobre a família, submetida a duras provas pela guerra que provocou refugiados e que fez sofrer pela morte de entes queridos. “Muitos perderam o seu trabalho e assim as famílias foram separadas, os cônjuges deixaram as suas casas em busca de trabalho”. Francisco ressalta que estão crescendo os matrimônios mistos, mas isto requer “uma maior atenção à preparação e à assistência dos casais que deverão educar os seus filhos na fé”. “Quando estamos atentos às nossas famílias e às suas exigências, quando compreendemos as suas dificuldades e esperanças – escreveu o Papa – reforçamos o testemunho da Igreja e o anúncio do Evangelho”.

Os esforços da Igreja do Sri Lanka no apoio às famílias se traduz em uma ajuda a toda a sociedade cingalesa. “Vos exorto – concluiu – a serem sempre vigilantes, a trabalhar com as autoridades governamentais e com os outros líderes religiosos, para garantir que seja respeitada a dignidade e o primado da família”.

O Sri Lanka tem cerca 21 milhões de habitantes. Cingaleses (74%) e tâmeis (16%) formam a maioria da população. Os cristãos representam 8,7% da população de maioria budista (68%). (JE)









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