2014-05-03 18:12:00

A visita do Papa à Pontifícia Academia Eclesiastica


Cidade do Vaticano (RV) - Foi um sinal de atenção especial e paterna a visita que o Papa Francisco realizou de forma privada à Pontifícia academia eclesiástica. Passou lá toda a tarde de sexta-feira, 2 de maio, com a comunidade, formada este ano por 29 sacerdotes - provenientes de vários países de quatro continentes - que se preparam para viver o próprio ministério ao serviço direto do Santo Padre junto das representações pontifícias espalhadas em todo o mundo.


Um clima de simplicidade, confidência e familiaridade caracterizou o encontro vivido pelos presentes com particular intensidade. O Papa Francisco chegou à Academia por volta das 18 horas, e foi recebido com carinho pelo Presidente, o Arcebispo Giampiero Gloder, pelos superiores, alunos e pelas religiosas franciscanas missionárias do Menino Jesus que prestam serviço na casa e pelos alunos, que o receberam precisamente como a um pai em visita aos seus filhos. Dirigindo-se à capela, presidiu à oração diária das Vésperas e depois deteve-se com a comunidade para um diálogo aberto, que focalizou vários temas da formação e da vida eclesial.


Solicitado pelas perguntas dos sacerdotes, o Pontífice traçou as prioridades da formação do futuro diplomata da Santa Sé. Segundo o Papa, há três elementos fundamentais que a apoiam: a competência (estudo aprofundado das problemáticas evitando improvisação), a fraternidade (amizades sacerdotais que permitam vencer a ambição e os mexericos) e, sobretudo, a oração (além da oração litúrgica, o diálogo silencioso diante do tabernáculo, levando diante do Senhor as situações e os problemas que são vividos no ministério).


Ao Pontífice perguntaram, entre outras coisas, como é possível que um diplomata viva a profecia e a utopia do bem. O Papa respondeu que são necessárias três dimensões para ser profetas. Antes de tudo a memória do passado: é a memória da fidelidade de Deus e da infidelidade do povo, que os profetas mantêm, como se vê no Antigo Testamento. Também quem é enviado como diplomata deve conhecer a história de Deus com o povo, onde é chamado a servir. Em segundo lugar, a capacidade de observar bem o presente. E este realismo do presente relaciona-se com a competência, o estudo e o conhecimento, para entender melhor qual é a situação de um país; significa estudar, conhecer, visitar e falar com as pessoas. Em terceiro lugar, a utopia do futuro. Em terceiro lugar, a utopia do futuro. Qual é o caminho do futuro para esse povo? Nem todas os caminhos se podem percorrer: aqui é necessária a prudência.


Um profeta - continuou o Papa Francisco - deve basear-se em três pilares para pronunciar a palavra certa, cumprir o gesto justo que se elabora na oração. Quando se perde a memória, a memória do Evangelho, a da Igreja ou a da história de um povo, tudo acaba na ideologia. Para compreender a realidade devemos compreender o presente com um olhar de crente. Não existem hermenêuticas ascéticas: é uma ilusão pensar que se pode ler a realidade prescindindo da nossa condição de discípulos de Jesus Cristo. A interpretação com a qual devemos compreender o presente, a hermenêutica cristã, são os olhos do discípulo. Eis aqui a ligação com a utopia do futuro. É a promessa: que nos promete Deus no futuro? A profecia é dizer a palavra certa, aquela que o Espírito sugere, após o esforço na oração, no estudo e na reflexão para fazer memória do passado, interpretar o presente e pronunciar uma palavra sobre o futuro.


Além disso, o Papa Francisco comentou algumas temáticas relacionadas com a vida nas nunciaturas, frisando por um lado a importância eclesial desse serviço e a necessidade de que os representantes pontifícios cultivem um clima de fraternidade com os bispos dos países nos quais vivem; por outro, evidenciou os perigos nos quais pode cair quem desempenha este ministério.


Durante a conversação, antes de jantar com a comunidade da Academia, o Papa falou também sobre outros temas de atualidade na Igreja, como o compromisso da Igreja pela tutela da dignidade da vida humana inclusive no plano internacional, as expectativas relativas ao próximo Sínodo dos bispos sobre a família, a dimensão carismática de cada instituição eclesial. O Santo Padre ouviu com atenção os sacerdotes que se preparam para o serviço nas nunciaturas, indicando os aspectos da humanidade, paternidade e proximidade que constituem as características do seu modo de se relacionar com os outros e que são um modelo, não só para cada pastor, mas também para quem se prepara para representar o Papa junto das comunidades católicas e nos países de todo o mundo.

L’Osservatore Romano









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