Card. Hummes: "Promover o clero indígena na Amazônia"
Aparecida
(RV) – “Como em todas as edições, este ano também a Comissão Especial Episcopal
para a Amazônia terá o seu espaço na Assembleia dos Bispos para apresentar os trabalhos
que estão sendo feitos e o que se pretende realizar”. É o que antecipa à RV o Presidente
da Comissão, Cardeal Cláudio Hummes:
“Este ano, nós vamos, em primeiro
lugar, apresentar um relatório geral do que foi feito no ano: encontros, visitas de
membros da Comissão às várias circunscrições eclesiásticas (prelazias e dioceses)
da Amazônia Legal. Depois, pensaremos juntos sobre as questões da Amazônia e da Igreja
na Amazônia. Isto é, como promover este ‘rosto amazônico’ da Igreja na Amazônia, assim
como o Papa vem insistindo conosco, e o grande trabalho que a Igreja está fazendo
na Amazônia”.
“Não queremos ficar apenas no discurso sobre o rosto
amazônico, mas analisar o que significa isto na realidade. E aí volta certamente a
questão dos índios, habitantes originais, da floresta, de que forma deve se respeitar
e ter todo o cuidado para não desvirtuar, não destruir a floresta e a cultura dos
nossos indígenas, a sua história, que já foi muito perturbada nestes cinco séculos,
desde a vinda dos portugueses para estas regiões”.
“Os índios acabam
ficando ‘invisíveis’ porque tantos outros problemas vão se antepondo, as cidades vão
crescendo, os problemas normais urbanos ocupam muito a Igreja. Mas há regiões onde
ainda há uma grande presença dos índios no dia a dia da Igreja, como por exemplo,
São Gabriel da Cachoeira e outras prelazias”.
“Como dar aos índios
mais visibilidade, mais participação? Poderíamos resumir esta questão na frase: ‘facultar,
propiciar e promover para que os índios sejam os sujeitos de sua história religiosa,
ou seja, os protagonistas’. Isto significa um clero índio, padres índios, eventualmente
no futuro índios bispos, que possam continuar a dialogar com a cultura e a história
dos indígenas do Brasil e inculturar melhor a fé nesta cultura e história, que foram
muito perturbadas coma a colonização. Esta questão é fundamental: já que eles perderam
muito, que ao menos a Igreja dê um exemplo para que eles possam voltar a ser sempre
mais sujeitos e protagonistas de sua história religiosa”. (CM)