2014-04-29 20:47:32

Seminário promovido pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz debate "trabalho decente"


Cidade do Vaticano (RV) - "Trabalho decente, justiça social e erradicação global da pobreza." Esse é o tema do Seminário que se realiza em Roma nesta terça e quarta-feiras, organizado pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho e numerosas ONGs de inspiração católica.

Na abertura dos trabalhos, o presidente do dicastério vaticano, Cardeal Peter Turkson, denunciou um sistema econômico centralizado no dinheiro que cria desemprego, subemprego e trabalho irregular e alimenta a pobreza.

"Apesar dos grandes progressos trazidos pela industrialização e pela mundialização, ressaltou o Cardeal Turkson, a pobreza continua atormentando" "bilhões de irmãos e irmãs no mundo".

Daí, a urgência de uma abordagem econômica alternativa baseada na justiça e na solidariedade, como recomenda a Doutrina social da Igreja, da Rerum Novarum de Leão XIII aos ensinamentos do Papa Francisco.

Entrevistado pela Rádio Vaticano, o representante da Caritas Internacional em Genebra, na Suíça, Mons. Robert Vitillo, nos explica a gênese e a finalidade deste seminário:

Mons. Robert Vitillo:- "Durante mais de um ano trabalhamos juntos para desenvolver um documento concernente aos novos objetivos de desenvolvimento humano: o chamado "pós-2015". Ademais, preparamos um documento conjunto no qual inserimos todas as prioridades de nossa ação. Por exemplo, empenhando-nos em favor dos desempregados, dos subempregados – ou seja, as pessoas que devem trabalhar em situações muito difíceis e perigosas –, dos migrantes que são explorados, das vítimas do tráfico de pessoas, e assim por diante. Colaboramos para preparar este documento a fim de que possa ser utilizado com os governos e as agências das Nações Unidas para promover a inclusão do trabalho decente no processo "pós-2015"."

RV: O que se entende por trabalho decente?

Mons. Robert Vitillo:- "Em primeiro lugar, é uma questão que vai além do aumento do salário. Subjacente a este deve haver um respeito pela dignidade humana. A Igreja tem uma longa história neste campo: promoveu ações mediante a sua doutrina para colocar a pessoa no centro do debate, superar a tendência focar-se somente no mundo do lucro e do comércio. Depois devemos chegar às coisas práticas: falar de um salário com o qual um trabalhador possa alimentar e manter a sua família numa casa decente. Nesse processo devemos pensar no direito dos trabalhadores a se organizarem, insistir no fato que seu trabalho se realize em condições decentes. Por fim, a liberdade de promover o seu interesse e de colaborar também com as empresas, as sociedades que fazem comércio. De fato, neste Seminário temos uma representação dos comerciantes católicos disposta a trabalhar com os trabalhadores."

RV: Portanto, uma ação por parte do mundo católico de relançamento do tema do trabalho que muitas vezes vemos sacrificado por políticas especulativas em detrimento dos direitos dos trabalhadores...

Mons. Robert Vitillo:- "Sim, é justamente como reiteradas vezes diz o Papa Francisco: devemos colocar os trabalhadores no centro das discussões e não focalizar-nos somente nos salários e no lucro. É preciso unir esse tema ao do desenvolvimento em geral, porque o trabalho decente contribui para o desenvolvimento do mundo, para o bem comum." (RL)







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