Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco teve agenda cheia na manhã desta
sexta-feira, 25. Começou a manhã recebendo em audiência um numeroso grupo de bispos
da África do Sul, Botsuana e Suazilândia. O arcebispo sul-africano de Durban, Cardeal
Wilfrid Fox Napier, fez uma breve saudação ao Pontífice, que em seguida, entregou
seu discurso escrito.
Para Francisco, o encontro desta manhã foi uma ocasião
para agradecer a Deus pelo crescimento da Igreja nos três países onde missionários,
junto com a população indígena local, lançaram as sementes da fé. Ao longo de gerações,
saíram rumo a aldeias, vilas e cidades construindo igrejas, escolas e hospitais, um
patrimônio que brilha até hoje no coração de cada fiel e na obra do apostolado.
Francisco
mostrou conhecer os desafios que a Igreja enfrenta nestes países, como as grandes
distâncias entre as comunidades, a escassez de recursos materiais e o acesso limitado
aos sacramentos. Disse saber que diáconos permanentes estão sendo treinados em algumas
dioceses para ajudar o clero, que dispõe de poucos sacerdotes.
“Há um esforço
concertado para renovar e aprofundar a formação dos catequistas leigos que ajudam
os pais na preparação das novas gerações na fé. Sacerdotes e irmãos e irmãs religiosas
dedicam mente e coração no serviço dos filhos e filhas de Deus mais vulneráveis, como
viúvas, mães solteiras, divorciados, crianças em situação de risco e especialmente
os milhões de órfãos da AIDS, muitos dos quais são chefes de família em áreas rurais”,
disse.
O Pontífice foi informado também dos graves desafios pastorais das
comunidades da África do Sul, Botsuana e Suazilândia: famílias católicas têm menos
filhos, os fiéis se afastam da Igreja em busca de grupos que prometem algo melhor,
o aborto agrava o sofrimento de muitas mulheres, que carregam consigo profundas feridas
físicas e espirituais, os índices de separação e divórcio são altos e as crianças
frequentemente não crescem em um ambiente familiar estável. Outra grande preocupação
é com o aumento da violência contra mulheres e crianças.
“Diante destas
dificuldades, bispos e sacerdotes devem dar um testemunho coerente dos ensinamentos
morais do Evangelho”, advertiu Francisco, lembrando que “devem ser encontradas maneiras
novas e criativas de ajudar as pessoas a encontrar Cristo através de uma compreensão
mais profunda da fé”.
Em relação à redução do número de sacerdotes e ao
declínio significativo dos seminaristas, o Papa sugeriu a promoção autêntica de vocações
em cada território, uma seleção prudente dos candidatos, o encorajamento dos candidatos
em formação e o acompanhamento atento nos anos após a ordenação.
A respeito
da vida familiar, Francisco insistiu na indissolubilidade do matrimônio e disse que
os programas de preparação para este sacramento, enriquecidos pelo ensinamento do
Papa João Paulo II, estão se demonstrando promissores e indispensáveis e inspirando
os jovens com uma nova esperança para si e para o seu futuro como maridos e esposas,
pais e mães.
Abordando a questão da moralidade, o Papa está consciente da crescente
tentação dos cristãos em conspirar com a desonestidade, um tema profeticamente analisado
pelos bispos em sua declaração pastoral sobre a corrupção. Questões sociais graves
são também a situação dos refugiados e migrantes: “Que estes homens e mulheres sejam
sempre acolhidos por nossos católicos e encontrem nas comunidades as casas e os corações
abertos, o que procuram para começar uma nova vida”.
Francisco terminou seu
discurso aos bispos lembrando a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, frisando a
esperança de que os cristãos busquem "novos caminhos para o caminho da Igreja nos
próximos anos", e pedindo a intercessão dos santos da África para orientá-los como
ensinar, santificar e governar a missão de Cristo. (CM)