Papa Francisco: Mensagem de Páscoa "Urbi et Orbi" 2014
«Christus surrexit, venite et videte».
Amados irmãos e irmãs, boa Páscoa! Ressoa
na Igreja espalhada por todo o mundo o anúncio do anjo às mulheres: «Não tenhais medo.
Sei que buscais Jesus, o crucificado; não está aqui, pois ressuscitou (...). Vinde,
vede o lugar onde jazia» (Mt 28, 5-6). Este é o ponto culminante do Evangelho,
é a Boa Nova por excelência: Jesus, o crucificado, ressuscitou! Este acontecimento
está na base da nossa fé e da nossa esperança: se Cristo não tivesse ressuscitado,
o cristianismo perderia o seu valor; toda a missão da Igreja via esgotar-se o seu
ímpeto, porque dali partiu e sempre parte de novo. A mensagem que os cristãos levam
ao mundo é esta: Jesus, o Amor encarnado, morreu na cruz pelos nossos pecados, mas
Deus Pai ressuscitou-O e fê-Lo Senhor da vida e da morte. Em Jesus, o Amor triunfou
sobre o ódio, a misericórdia sobre o pecado, o bem sobre o mal, a verdade sobre a
mentira, a vida sobre a morte. Por isso, nós dizemos a todos: «Vinde e vede».
Em cada situação humana, marcada pela fragilidade, o pecado e a morte, a Boa Nova
não é apenas uma palavra, mas é um testemunho de amor gratuito e fiel: é sair de si
mesmo para ir ao encontro do outro, é permanecer junto de quem a vida feriu, é partilhar
com quem não tem o necessário, é ficar ao lado de quem está doente, é idoso ou excluído...
«Vinde e vede»: o Amor é mais forte, o Amor dá vida, o Amor faz florescer a esperança
no deserto. Com esta jubilosa certeza no coração, hoje voltamo-nos para Vós, Senhor
ressuscitado! Ajudai-nos a procurar-Vos para que todos possamos encontrar-Vos,
saber que temos um Pai e não nos sentimos órfãos; que podemos amar-Vos e adorar-Vos.
Ajudai-nos a vencer a chaga da fome, agravada pelos conflitos e por um desperdício
imenso de que muitas vezes somos cúmplices. Tornai-nos capazes de proteger os
indefesos, sobretudo as crianças, as mulheres e os idosos, por vezes objecto de exploração
e de abandono. Fazei que possamos cuidar dos irmãos atingidos pela epidemia de
ébola na Guiné Conacri, Serra Leoa e Libéria, e daqueles que são afectados por tantas
outras doenças, que se difundem também pela negligência e a pobreza extrema. Consolai
quantos hoje não podem celebrar a Páscoa com os seus entes queridos porque foram arrancados
injustamente dos seus carinhos, como as numerosas pessoas, sacerdotes e leigos, que
foram sequestradas em diferentes partes do mundo. Confortai aqueles que deixaram
as suas terras emigrando para lugares onde possam esperar um futuro melhor, viver
a própria vida com dignidade e, não raro, professar livremente a sua fé. Pedimo-Vos,
Jesus glorioso, que façais cessar toda a guerra, toda a hostilidade grande ou pequena,
antiga ou recente! Suplicamo-Vos, em particular, pela Síria, para que quantos
sofrem as consequências do conflito possam receber a ajuda humanitária necessária
e as partes em causa cessem de usar a força para semear morte, sobretudo contra a
população inerme, mas tenham a audácia de negociar a paz, há tanto tempo esperada.
Pedimo-Vos que conforteis as vítimas das violências fratricidas no Iraque e sustenteis
as esperanças suscitadas pela retomada das negociações entre israelitas e palestinianos.
Imploramo-Vos que se ponha fim aos combates na República Centro-Africana e que
cessem os hediondos ataques terroristas em algumas zonas da Nigéria e as violências
no Sudão do Sul. Pedimos-Vos que os ânimos se inclinem para a reconciliação e
a concórdia fraterna na Venezuela. Pela vossa Ressurreição, que este ano celebramos
juntamente com as Igrejas que seguem o calendário juliano, vos pedimos que ilumine
e inspire as iniciativas de pacificação na Ucrânia, para que todas as partes interessadas,
apoiadas pela Comunidade internacional, possam empreender todo esforço para impedir
a violência e construir, num espírito de unidade e diálogo, o futuro do País. Pedimo-Vos,
Senhor, por todos os povos da terra: Vós que vencestes a morte, dai-nos a vossa vida,
dai-nos a vossa paz!