Cidade do Vaticano
(RV) – À espera da ressurreição de Nossa Senhor, deixemo-nos guiar mais uma vez
pelas palavras de São José de Anchieta.
Imaginemos a noite de sábado para domingo.
Na casa dos discípulos, um silêncio profundo, todos dormem.
Na casa de Maria,
vemos João dormindo, mas Maria está acordada em profunda oração. Ela é a Maria da
Esperança. Ela tem o coração partido, é a Maria das Dores, mas não é a Maria do Desespero.
É a Maria da Esperança. Conserva em seu coração as palavras de seu Filho de que iria
ressuscitar. Não sabe quando nem como, mas não deixa a dor tomar conta do seu coração.
Ela percebe que seu Filho está presente…
Eis o Filho a entrar-te pela casa
adentro, com os sinais do triunfo e as falanges dos patriarcas. Mal se encontrou com
o teu, o seu olhar, mal concentrou seus raios em teu coração, quem pudera dizer quanto
consolo se apossou de tua alma, quanta beleza refletiu teu rosto.
O Filho
que, ao morrer, pronuncia uma sentença contra a morte. Ressuscitou para não mais morrer.
E a Maria compete de direito receber este primeiro afeto, esta primeira glória, porque
ao ver o Filho sofrer, sofreu também ela, em sua alma, as chagas da injustiça.
Neste
reencontro, a divindade do Filho e a santidade da Mãe não impedem que Jesus seja simplesmente
filho e Maria, simplesmente mãe – como muitas que todos os dias assistem ao martírio
de seus próprios filhos:
Tu, o teu Senhor veneras, ele, sua Mãe: o
amor materno e o amor filial de novo se encontram. (…)Feliz martírio que
concedeu à Mãe tantas alegrias!
Foram-se as noites tenebrosas e a aurora
desponta no firmamento. Deixa de chorar, ó Mãe! Pois que já vive o teu triunfador,
Jesus, que acabou com o martírio de tua alma. É chegada a hora da melodia dos coros
celestes, do hino do triunfo, da eterna vitória. Maria, intercede por nós:
Enquanto
a vitoriosa ressurreição do Filho resplandecer em títulos de glória, tu, excelsa Mãe,
serás cantada, e, no mesmo esplendor, se envolverá teu doce nome de Mãe, ao nome de
teu Filho.
Se me estenderes, ó Mãe, a mão bondosa, ressurgirei também e,
sem mancha, viverei para teu Filho e, unindo o meu martírio ao precioso martírio do
Senhor, gozarei do semblante de Deus vivo!