2014-04-11 18:16:46

São Gregório Magno e Palavra de Deus na conclusão das pregações quaresmais


Cidade do Vaticano (RV) – O Pregador da Casa Pontifícia, Pe. Raniero Cantalamessa, concluiu nesta sexta-feira – com uma meditação dedicada aos ensinamentos de São Gregório Magno – a última pregação da Quaresma, dedicadas este ano aos Padres da Igreja. O Santo Padre acompanhou as reflexões do franciscano na Capela Redemptoris Mater, do Palácio Apostólico.

A Sagrada Escritura é Palavra de Deus à humanidade e é somente por meio de uma leitura de fé que pode ser compreendida. Ela foi estudada durante os séculos, interpretada, analisada sob diversos prismas e deve-se a Gregório Magno a distinção dos quatro sentidos com os quais é possível explicá-la: o literal e histórico, o alegórico referido à fé em Cristo, o moral que diz respeito ao agir dos cristãos e o escatológico, ligado ao final dos tempos. Mas se os Padres da Igreja ensinaram a ler a Escritura em referência a Cristo e à Igreja – observou Padre Raniero Cantalamessa - existe outro ensinamento a ser recuperado:

“Os Padres se aproximavam da Palavra de Deus com uma pergunta constante: o que ela diz, agora e aqui, para a Igreja e para mim pessoalmente? Estavam convencidos de que a Escritura, além do seu conteúdo objetivo de fé e de moral que é válido sempre e para todos, tem também uma dimensão personalíssima, subjetiva, pela qual existem sempre novas luzes e novas disposições a serem mostradas, novas vontades de Deus a serem assinaladas, a mim pessoalmente, aqui e agora”.

Além disto, se deve recordar que a Escritura é inspirada por Deus, a sua força e a sua vitalidade são divinas, e por isto é inesgotável. Também isto Gregório Magno destacou:

“A Palavra de Deus não contém somente o pensamento de Deus transmitido uma vez para sempre, mas contém o coração palpitante de Deus; contém a sua vontade viva que se manifesta para mim. Agora e aqui”.

E aproximar-se da Palavra de Deus requer também uma forte fé nela: estar certos de que Deus fala através dela. E isto é sentido em “um movimento quase imperceptível do coração”, é “uma pequena luz que se acende na mente”; assim a palavra da Bíblia começa a atrair a atenção e ilumina uma situação:

“Deus – mas digamos mais concretamente - Cristo ressuscitado – tem no seu coração uma mensagem precisa para dar em cada circunstância: sejam três pessoas, seja uma multidão. Ele tem a Palavra a ser acrescentada! A missão nossa de evangelizadores é buscar acolher esta Palavra e isto se faz com a oração, com o silêncio, com a ajuda dos outros, com a fé, acreditando nela. Acreditando nela: ‘Senhor, tu tens uma Palavra para dizer a este povo....Me faça entendê-la!’”.

Deus, portanto, fala a cada homem. O faz “sob a forma de uma palavra da Escritura”, que em qualquer circunstância se revela extraordinariamente pertinente, como se fosse escrita justamente para aquele momento. E por isto é necessário reencontrar a novidade da Bíblia, renovar o espírito pelas Escrituras; experimentando ali a presença do Espírito Santo, Cristo falará ainda. (JE)














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