Papa na missa matutina: "O diabo existe também no século XXI. Aprendamos do Evangelho
a combatê-lo"
Cidade do Vaticano (RV) – Como todas as manhãs, o Papa Francisco presidiu à
Santa Missa na capela da Casa Santa Marta. A homilia desta
sexta-feira foi toda dedicada à luta contra o demônio. “A vida de Jesus foi uma luta.
Ele veio para vencer o mal”, disse o Pontífice, que advertiu: trata-se, porém, de
uma luta que todo cristão deve enfrentar.
“Também nós somos tentados, também
nós somos objeto do ataque do demônio, porque o espírito do Mal não quer a nossa santidade,
não quer o testemunho cristão, não quer que sejamos discípulos de Jesus. E como faz
o espírito do Mal para nos afastar da estrada de Jesus com a sua tentação? A tentação
do demônio tem três características e nós devemos conhecê-las para não cair nas ciladas.
A tentação começa levemente, mas cresce: cresce sempre. Depois, cresce e contagia
outra pessoa, passa a outro, tenta ser comunitária. E, no final, para tranquilizar
a alma, se justifica. Cresce, contagia e se justifica”.
A tentação, observou
o Papa, parece uma sedução. Quando é rejeitada, cresce e se torna mais forte, envolvendo
outras pessoas. Assim aconteceu com Jesus, o demônio envolveu os seus inimigos. Quando
Ele fala na Sinagoga, seus inimigos tentam menosprezá-lo, dizendo: “Mas este é o filho
de José, o carpinteiro, o filho de Maria! Nunca foi à Universidade! Mas com qual a
autoridade fala? Não estudou!”. A tentação, disse, “envolveu todos contra Jesus”.
E o momento “mais forte da justificação é o do sacerdote”, quando diz: “Não sabem
que é melhor que um homem morra para salvar o seu povo?”:
“Temos uma tentação
que cresce: cresce e contagia os outros. Pensemos numa intriga, por exemplo: sinto
inveja de uma pessoa. Primeiro é um sentimento pessoal, mas depois tenho que compartilhá-lo
com o outro. Cresce e vai contagiando… Mas este é o mecanismo das intrigas e todos
nós somos tentados a fazê-las! Talvez alguns de vocês não, se são santos, mas também
eu sinto esta tentação! É uma tentação cotidiana. Mas começa assim, suavemente. Depois
cresce e, no fim, se justifica”.
Estejamos atentos, disse ainda o Pontífice.
“Quando no nosso coração sentirmos algo que acabará por destruir as pessoas, se não
pararmos a tempo, esse sentimento crescerá e nos restará justificar:
“Todos
somos tentados, porque a lei da vida espiritual, a nossa vida cristã, é uma luta:
uma luta. Porque o príncipe deste mundo – o diabo – não quer a nossa santidade, não
quer que sigamos Cristo. Alguém de vocês, talvez, poderá dizer: ‘Mas, Padre, como
o senhor é antigo, falar do diabo no século XXI!’. Mas, olhem que o diabo existe.
Existe. Inclusive no século XXI! E não devemos ser ingênuos, eh? Devemos aprender
do Evangelho como se faz a luta contra ele”. (BF)