2014-04-11 12:20:19

Jerusalém: caso do muro no Vale do Cremisan


Jerusalém (RV) – Terminou ontem, quinta-feira, 10, o prazo dado pelo Supremo Tribunal de Israel ao Estado israelense para justificar a construção de um muro ao longo do Vale do Cremisan, em Belém, na Cisjordânia. O Supremo Tribunal quer saber particularmente por que é que o atual traçado do projeto descarta “rotas alternativas que não segregariam as terras dos cristãos palestinos”.

A questão se arrasta desde 2006 e mexe com a vida de pelo menos 58 famílias cristãs que, por causa do muro, poderão ficar sem casa e sem os terrenos que asseguram a sua subsistência. O Estado de Israel tem justificado a projeção do muro com a necessidade de assegurar a sua segurança e de proteger as suas fronteiras.

Anica Heinlein, porta-voz do grupo que entrou com o pedido na Justiça contra o projeto, sublinha que “o caso ainda não está concluído até que seja tomada uma decisão definitiva”. No entanto, admitiu que a primeira decisão do Tribunal “é uma boa notícia que trouxe alegria e esperança à comunidade cristã de Cremisan”.

As famílias cristãs envolvidas na questão esperam que “até que o Estado de Israel responda, todo e qualquer trabalho de construção seja interrompido”. A porta-voz das famílias acredita que a decisão definitiva do caso não sairá antes da visita do Papa à Terra Santa, em maio deste ano, o que permitirá “que Francisco possa ser informado pessoalmente da situação das terras pertencentes à 58 famílias cristãs e da Igreja Católica”.

Em causa estão também as terras onde estão localizados um mosteiro e um convento salesiano, com escola infantil e campos desportivos. No final de janeiro, os bispos católicos que integram a Coordenação das Conferências Episcopais para o apoio à Terra Santa lançaram um apelo à comunidade internacional para que defenda os direitos das famílias cristãs em Belém, na Cisjordânia. Numa carta conjunta, os prelados pediram aos governos internacionais para “encorajar Israel a respeitar o direito internacional e particularmente os meios de subsistência das famílias”, pondo um fim nos processos de expropriação de terrenos e casas.

Um dos membros da Coordenação, Dom Richard Pates, Diretor da Comissão para a Justiça e Paz da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados-Unidos, escreveu uma carta ao Secretário de Estado norte-americano, John Kerry. O prelado pede a John Kerry para “fazer pressão sobre o Governo de Israel para que ele renuncie a toda e qualquer estratégia tendo em vista a apropriação das terras palestinas na Cisjordânia ocupada”. Dom Richard Pates realça ainda que a questão do Vale de Cremisan “prolonga e acrescenta sérias consequências ao conflito entre Israel e a Palestina” e ameaça “os esforços” que têm sido feitos em prol de “um acordo de paz”. (SP)








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