Jerusalém (RV) – Terminou ontem, quinta-feira, 10, o prazo dado pelo Supremo
Tribunal de Israel ao Estado israelense para justificar a construção de um muro ao
longo do Vale do Cremisan, em Belém, na Cisjordânia. O Supremo Tribunal quer saber
particularmente por que é que o atual traçado do projeto descarta “rotas alternativas
que não segregariam as terras dos cristãos palestinos”.
A questão se arrasta
desde 2006 e mexe com a vida de pelo menos 58 famílias cristãs que, por causa do muro,
poderão ficar sem casa e sem os terrenos que asseguram a sua subsistência. O Estado
de Israel tem justificado a projeção do muro com a necessidade de assegurar a sua
segurança e de proteger as suas fronteiras.
Anica Heinlein, porta-voz do grupo
que entrou com o pedido na Justiça contra o projeto, sublinha que “o caso ainda não
está concluído até que seja tomada uma decisão definitiva”. No entanto, admitiu que
a primeira decisão do Tribunal “é uma boa notícia que trouxe alegria e esperança à
comunidade cristã de Cremisan”.
As famílias cristãs envolvidas na questão
esperam que “até que o Estado de Israel responda, todo e qualquer trabalho de construção
seja interrompido”. A porta-voz das famílias acredita que a decisão definitiva do
caso não sairá antes da visita do Papa à Terra Santa, em maio deste ano, o que permitirá
“que Francisco possa ser informado pessoalmente da situação das terras pertencentes
à 58 famílias cristãs e da Igreja Católica”.
Em causa estão também as terras
onde estão localizados um mosteiro e um convento salesiano, com escola infantil e
campos desportivos. No final de janeiro, os bispos católicos que integram a Coordenação
das Conferências Episcopais para o apoio à Terra Santa lançaram um apelo à comunidade
internacional para que defenda os direitos das famílias cristãs em Belém, na Cisjordânia.
Numa carta conjunta, os prelados pediram aos governos internacionais para “encorajar
Israel a respeitar o direito internacional e particularmente os meios de subsistência
das famílias”, pondo um fim nos processos de expropriação de terrenos e casas.
Um
dos membros da Coordenação, Dom Richard Pates, Diretor da Comissão para a Justiça
e Paz da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados-Unidos, escreveu uma carta ao
Secretário de Estado norte-americano, John Kerry. O prelado pede a John Kerry para
“fazer pressão sobre o Governo de Israel para que ele renuncie a toda e qualquer estratégia
tendo em vista a apropriação das terras palestinas na Cisjordânia ocupada”. Dom Richard
Pates realça ainda que a questão do Vale de Cremisan “prolonga e acrescenta sérias
consequências ao conflito entre Israel e a Palestina” e ameaça “os esforços” que têm
sido feitos em prol de “um acordo de paz”. (SP)