Jales (RV) - Neste final de semana se realiza, nas dioceses de todo o Brasil,
a coleta da solidariedade, como gesto prático de encerramento oficial da Campanha
da Fraternidade.
Geralmente esta coleta é realizada nas celebrações costumeiras
das comunidades. Seu resultado é partilhado entre os diversos níveis da organização
da Igreja. A porcentagem destinada à CNBB é administrada pela Cáritas Brasileira,
através do “Fundo Nacional da Solidariedade”, aplicado integralmente em projetos sociais
sustentados de diversas maneiras pela Igreja.
A parte que fica nas dioceses,
reforça o “Fundo Diocesano de solidariedade” cuja missão cotidiana é incentivar os
diversos projetos sociais existentes em cada diocese.
Olhando o resultado
concreto da “coleta da solidariedade” é evidente o descompasso entre a intensa divulgação
do tema da Campanha da Fraternidade, e o pífio resultado da coleta.
Este descompasso
leva a nos interrogar sobre os seus motivos. Em primeiro lugar, a CNBB tem a clara
consciência de que a “Campanha da Fraternidade” não se limita a uma “coleta” financeira.
A Campanha é um instrumento precioso de conscientização, que envolve não só
a Igreja Católica, mas motiva também a sociedade, que reconhece a validade dos temas
levantados, e o enfoque aberto e desafiador com que são abordados.
Portanto,
a Campanha da Fraternidade não se limita, e não se mede, pelo resultado da coleta,
por mais preciosos que sejam os recursos arrecadados por ela.
Mas existe outro
motivo que explica o baixo rendimento da “Coleta”.
Acontece que ao longo de
todo o ano, os membros das comunidades eclesiais se vêem intimados a colaborar com
inúmeras iniciativas, destinadas a arrecadar recursos para sustentar os diversos projetos
sociais existentes. De tal maneira que a soma de recursos arrecadados por estas diversas
iniciativas é bem maior do que o resultado desta “coleta” .
Penso
que ajuda trazer um exemplo concreto. Enquanto se promove a “coleta” neste Domingo
de Ramos, em Jales as comunidades foram e ainda estão sendo convocadas a colaborar
com a rifa do Hospital do Câncer, com a rifa do Asilo dos Velhos, com a promoção da
pizza para o “Projeto Sacra”, que acaba de promover também o “porco no taxo” e a “promoção
da pizza” , ao mesmo tempo em que o “Projeto Acaje” promovia o seu tradicional ”Costelão”.
Sem contar a colaboração com as diversas “quermesses” das comunidades, com suas rifas
próprias, e sua criatividade em inventar outras promoções.
São tantos apelos,
que na verdade o povo se vê envolvido num esquema alternativo de arrecadação de impostos,
destinados a sustentar os projetos sociais.
Esta multiplicidade de projetos
nem sempre é reconhecida. O próprio governo muitas vezes a desconhece. E mesmo a Igreja
não se dá conta de sua abrangência.
Em vista disto, a CNBB está agora planejando
a realização de uma pesquisa em nível nacional, para um levantamento possivelmente
completo da atuação da Igreja na sociedade.
Com este levantamento, será possível
não só dimensionar melhor a ação da Igreja, mas também habilitá-la a reivindicar recursos
públicos, para projetos que na verdade seriam de responsabilidade direta do poder
público.
Isto não diminui nossa decisão de colaborar com esta “Coleta da
Solidariedade”, motivados pela importante “Campanha da Fraternidade, que acabamos
de realizar. “Deus ama a quem dá com alegria”, nos garante São Paulo!