Moçambique: Sociedade civil reflecte sobre impacto dos mega-projectos nas comunidades
A capital
moçambicana acolheu esta quarta-feira, 2, a Conferência Nacional sobre a política
e governação no âmbito dos megaprojectos. O evento co-organizado pelo Instituto do
Estudos Sociais e Económicos, Observatório do Meio Rural e o Centro de Integridade
Pública tinha por objectivo promover uma reflexão sobre o impacto dos megaprojectos
no seio das comunidades. Segundo João Mosca do Observatório do Meio Rural, as manifestações
que têm acontecido com os reassentamentos das populações na sequência da implementação
dos Megaprojectos, devem-se a vários factores, dentre eles, as falsas promessas por
parte das empresas detentoras dos grandes projectos.
Os reassentamentos
são também da responsabilidade do Governo O economista moçambicano aponta que
os reassentamentos não são apenas da responsabilidade das empresas, mas também do
Governo, pois o ordenamento territorial e onde colocar as populações é da competência
do Governo.
As populações não encontram condições para agricultura Por
seu turno, Agostinho Bento da União Nacional dos Camponeses UNAC, afirma que os conflitos
entre as populações reassentadas e as empresas gestoras dos megaprojectos resultam
do facto de as populações praticantes da agricultura não encontrarem nos locais de
reassentamentos condições para desenvolverem esta actividade que é a base de sustento
de muitas famílias moçambicanas.
A Vale tem feito tudo para evitar problemas
com as populações reassentadas Entretanto, Odete Camba da Vale Moçambique,
presente na Conferência sobre os Megaprojectos, disse que a sua instituição tem feito
tudo para evitar problemas com as populações reassentadas, através da criação de projectos
de rendimento para melhorar a vida das populações. E no caso polémico dos reassentamentos
em Cateme, província de Sofala, a fonte aponta como foi o processo de reassentamento.
Refira-se
que com a descoberta de recursos minerais no Centro de Moçambique, muitas populações
nativas têm sido deslocadas dos seus locais de residência para outras zonas de forma
a dar lugar à implementação dos megaprojectos de exploração de minérios diversos e
não raras vezes esses reassentamento geram conflitos entre as populações e as empresas
gestoras dos referidos projectos.