Revista italiana de geopolítica Limes dedica edição às "consequências de Francisco"
Cidade do Vaticano (RV) - "As consequências de Francisco": esse foi o tema
– por ocasião da apresentação da última edição da prestigiosa revista de geopolítica
Limes – que reuniu neta segunda-feira, em Roma, religiosos, expoentes do mundo político
e jornalistas. O primeiro ano de Pontificado do Papa Francisco e os muitos elementos
de seu ministério petrino estiveram no centro das reflexões.
A análise dedicada
ao Papa Francisco parte das villas misérias de Buenos Aires e chega aos EUA e à China,
abraça lugares e ações do então Cardeal Bergoglio, a sua formação teológica, os gestos
e as palavras do Pontífice proveniente "quase do fim do mundo".
Mas, evidenciou
o diretor da revista dos Jesuítas "La Civiltà Cattolica", Pe. Antonio Spadaro, a interrogação
sobre as "conseqüências de Francisco" não tem uma resposta unívoca ou definitiva,
independente do ponto de vista do qual se proponha:
"Quais são as consequências
do Papa Francisco? Podemos dizer que se desdobram na história; não há consequências
fixas, consequências que podemos já definir. Está em andamento um processo; o Papa
gosta mais dos processos do que dos pontos de vista estáticos sobre a realidade. Portanto,
a verdadeira consequência do Papa Francisco é a abertura de um processo."
A
interrogação, prosseguiu Pe. Spadaro, deve ser feita também a nível individual: quais
são as conseqüências para cada um de nós? Justamente assumindo essa perspectiva, o
diretor da "La Civiltà Cattolica" recordou um dos episódios que pessoalmente considera
mais emblemáticos neste ano de Pontificado:
"Certamente, um evento que ficou
muito impresso na memória foi o primeiro gesto que fez do Balcão central da Basílica
de São Pedro no dia de sua eleição: o fato de inclinar-se para pedir a bênção por
parte da multidão, do povo. Portanto, essa relação muito estreita que criou com o
povo, por si mesma, é um evento simbólico, que depois assumiu muitos modos; basta
recordar, por exemplo, a visita que fez a Lampedusa, ou o grande evento da Jornada
Mundial da Juventude do Rio de Janeiro."
Também a presidente da Câmara dos
Deputados italiana, Laura Boldrini, deteve-se, em particular, sobre uma das "consequências
de Francisco":
"O Papa Francisco colocou aquilo que todos nós não queremos
ver. Colocou no centro uma das condições que mais faz medo em nossa sociedade consumista:
ou seja, a pobreza, a necessidade, os últimos, aqueles que não têm direitos, aqueles
que não têm voz. Ao fazer isso, chamou com veemência a atenção da nossa sociedade;
e o fez reiteradas vezes: por exemplo, durante a viagem a Lampedusa (ilha situada
no extremo-sul da Itália, ndr), que considero ter sido um sinal forte da sua escala
de valores. Foi a Lampedusa dizer quem era e colocou no centro a condição de milhares
de pessoas que preferimos não ver." (RL)