Papa visitará localidade símbolo da violência da Máfia
O Papa Francisco vai visitar a cidade de Cassano, na região da Calábria, sul da Itália
(foto). O anúncio foi feito sábado, na Catedral da cidade, pelo bispo da diocese e
novo Secretário-geral da Conferência Episcopal Italiana, Dom Nunzio Galantino. A data
da visita ainda não foi definida.
“A iniciativa do Papa tem um significado
simbólico muito forte e será ‘um evento para a Igreja em todo o mundo’”, adiantou
o prelado. Em poucos meses, Cassano allo Jonio, um dos maiores municípios daquela
região, foi palco de dois crimes brutais que comoveram todo o país: um menino de 3
anos foi assassinado e queimado pela 'ndrangheta (a máfia local), e Padre Lazzaro,
o pároco, foi morto ao tentar defender-se de um furto na residência paroquial.
“Gostaria
de dirigir um pensamento a Coco Campolongo, menino de três anos que foi queimado vivo
num carro em Cassano allo Jonio. Esta fúria em relação a uma criança tão pequena parece
não ter precedentes na história da criminalidade. Rezemos com Coco, que certamente
está com Jesus no céu, pelas pessoas que cometeram este crime, para que se arrependam
e se convertam ao Senhor”, disse o Papa depois do Angelus, a 26 de janeiro passado,
uma semana depois do atroz delito.
Dom Nunzio Galantino ressaltou que “a visita
de Francisco não pode e não deve acarretar gastos injustificados para a Igreja diocesana
e para o Município”. O bispo pediu que não se efetuem ‘maquilagens’ na cidade para
torná-la mais bonita aos olhos do Papa, mas eventualmente, intervenções estruturais
duradouras pelo bem da cidade.
“Toda a cidadania pode contribuir, como quiser
e puder, com as despesas que a visita do Papa vai comportar, desde que o faça de modo
regular e transparente. Os doadores devem estar conscientes de que sua contribuição
não lhes dará o direito de receber tratamentos de preferência ou ‘primeiras filas’:
os únicos privilegiados serão os doentes”.
O Papa irá a Cassano “para pedir
desculpas” aos pobres, ateus, jovens e ao território. “Se o Papa pede desculpas, devemos
fazê-lo também”, lembra Dom Galantino. E convida associações, grupos e movimentos
a promoverem o slogan “Nós também nos desculpamos”, a fim de que a visita de Francisco
“não se reduza a um evento mediático, mas sacuda as consciências dos cidadãos das
regiões locais e o território encontre finalmente o caminho da verdadeira beleza”.