O Patriarca Latino de Jerusalém e a viagem de Francisco à Terra Santa
Cidade do Vaticano (RV) – O Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal,
apresentou na sede do Patriarcado em Jerusalém, na manhã desta quinta-feira (27),
o programa da viagem do Papa Francisco à Terra Santa, que prevê uma etapa na Jordânia.
A Rádio Vaticano entrevistou-o:
R: “É a primeira viagem à Jordânia
e estamos felizes, mesmo que a visita seja breve. Teremos somente uma atividade pública
na Jordânia: uma Santa Missa no Estádio de Amã. Irão todos os nossos cristãos, com
suas crianças e seremos entre 30 e 50 mil a festejar a chegada do Santo Padre. Após
haverá, como ele deseja, um encontro com mais de 500 crianças. No dia seguinte, domingo,
iremos de helicóptero da Jordânia até Belém, onde será realizada a visita ao Presidente
palestino, e após, a Missa. Isto, para nós e para os fiéis, será um momento muito
significativo. Para o Santo Padre, um momento importante será o encontro com o Patriarca
Ortodoxo, no Santo Sepulcro, e, com os outros Patriarcas – o Armênio, os Orientais
católicos – que virão para assistir e participar. Será uma bela festa. Tantos amariam
ver o Santo Padre também na Galiléia, mas parece que desta vez ele não irá. Rezemos
e esperemos que exista uma outra ocasião para o Santo Padre nos visitar”.
RV:
Com esta viagem se comemora o histórico abraço entre Paulo VI e o Patriarca Atenágoras,
ocorrido há 50 anos. Como antecipado, será celebrado na Basílica do Santo Sepulcro
um Encontro Ecumênico com todos os representantes das Igrejas cristãs de Jerusalém,
junto ao Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla. No caminho ecumênico, o que representará
este novo encontro?
R: “Um novo impulso, um novo apelo, um convite
a esta comunhão, a esta unidade dos cristãos. Recordo que em 1964 teve grande entusiasmo
entre todos os cristãos por este movimento ecumênico. Fizemos progressos, mas permanecemos
separados. Existe uma comunhão, existe uma colaboração a nível institucional, na Terra
Santa, na Jordânia e Jerusalém, com as nossas escolas, os hospitais, a Cáritas. A
comunhão, porém, a unidade completa, segundo o desejo do Senhor Jesus, não foi ainda
realizada. Porém, viveremos o mesmo entusiasmo, alegria, encorajamento, esperança.
Continuamos a rezar, continuamos a trabalhar, continuamos a viver esta unidade nas
nossas instituições católicas latinas, do Patriarcado Latino, em tantas escolas, em
tantos hospitais e em tantas obras boas de caridade, para todos, sem distinção. Num
certo sentido, eu digo que todos os cristãos são meus irmãos: quer sejam ortodoxos,
ou armênios, não muda nada diante de Deus e da história”
RV: Os
cristãos da Terra Santa sofrem condições de vida particularmente difíceis, que seguidamente
os induzem a emigrar. O que esperam estes fiéis da visita do Papa?
R:
“Hoje todo o Oriente Médio sofre. Esperamos, estamos certos, que o Santo Padre
nos dará uma palavra de encorajamento, para nos confirmar esta fé. Quanto custa a
fé aqui? Para ter fé aqui, é necessário pagar um preço, custa. Não esqueçamos que
antes de nós, também o Senhor chorou! Continuemos a rezar, a chorar, a acolher os
peregrinos: que sejam todos bem vindos, que se sintam em casa. Porém, a situação é
aquela que é. Mas não percamos nunca a esperança. O senhor nos ama e nos encoraja”.
RV:
E as expectativas em outras comunidades, na judaica e muçulmana?
R:
“Por sorte todos pensam que o Santo Padre seja um amigo. E por este simples fato,
qualquer discurso, qualquer palavra por mais justiça, por mais dignidade, por uma
maior colaboração, terá indiretamente uma dimensão política”.
RV:
Que impulso a viagem do Papa poderá dar às negociações de paz entre israelenses e
palestinos?
R: “Devemos esperar um pouco para ver as reações nos
jornais, as vozes. Não devemos antecipar e queimar etapas”.
RV:
Na Síria já são três anos de guerra. O Papa diversas vezes levantou a sua voz, a sua
oração pela paz, pelas populações atingidas pelo conflito. O Patriarcado de Jerusalém
está empenhado na acolhida e na solidariedade aos refugiados sírios. Ele recordou
que terá uma etapa na Jordânia. Como o Papa encontrará estes refugiados?
R:
“Encontrará estes refugiados da Síria, mas não todos, somente as crianças. Temos,
de fato, um milhão de refugiados. As crianças representarão tantos campos, porque
não existe somente um campo de refugiados na Jordânia. Os sírios estão sobre todo
o território jordaniano, desde o sul, para buscar trabalho, vida, dignidade. Rezemos
também por esta paz. Recordemos a vez em que o Santo Padre chamou todo o seu “exército”
de fiéis para rezar pela paz e evitou uma guerra, um ataque militar, que era certo.
E com a oração de tantos fiéis, graças a Deus, não teve lugar esta guerra”.
RV:
E após as visitas de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, como o Papa Francisco poderá
confirmar os irmãos da Terra Santa na fé?
R: “Cabe a nós saber aproveitar
ao máximo desta bonita voz profética. É um pai que vem rezar por nós, conosco, um
pai que ama a oração, que ama a paz, que ama a unidade dos cristãos, que ama o diálogo.
Virá reafirmar estes valores cristãos”. (JE)