Via Sacra no Coliseu: meditações serão de Dom Bregantini

Cidade do Vaticano (RV) – As meditações da Via Sacra da Sexta-feira Santa deste ano, a serem realizadas no Coliseu, em Roma, em 18 de abril próximo na presença do Papa Francisco, serão escritas pelo Arcebispo de Campobasso-Boiano, Dom Giancarlo Bregantini. A Rádio Vaticano entrevistou o prelado, conhecido pelo seu empenho social, em defesa dos desfavorecidos e pela afirmação de uma cultura da legalidade:

Com 73 anos, natural do Trentino, um passado na juventude operária, por 13 anos Bispo de Locri, Calábria, local com forte presença do crime organizado, Dom Bregantini escreveu o livro de orações “A oração desafia a máfia”. Nomeado por Bento XVI em 2007 para guiar a Diocese de Campobasso-Boiano, é Presidente da Conferência Episcopal Italiana para os problemas sociais e o trabalho, a justiça e a paz.

Perguntado pela Rádio Vaticano se recebia o convite como responsabilidade ou chamado do Senhor, respondeu:

R: “Sim, justamente como um chamado do Senhor, que me permitiu viver antes de tudo a gratidão muito especial à pessoa do Papa Francisco, que já está no coração de todos. Segundo, foi honrada, de maneira indireta mas vital, também a minha Diocese de Campobasso-Boiano. E a terceira coisa, senti muito forte ao escrever, a força da Via Sacra. Nunca como nesta ocasião, senti verdadeira a paixão de Jesus, ligada com a paixão do homem, na oração e na reflexão”.

RV: Qual será o tema central da meditação?

R: “O tema que me foi confiado, de maneira muito sábia pelo Vaticano é justamente este: “Face de Cristo, face do homem”. Este é o título que desenvolverei com a ajuda do Senhor. Diante da face do homem que sofre, por trás está sempre a face de Jesus. E, quanto mais olhas a do homem, mais descobres que por trás existe a necessidade da Sua face. E quanto mais olhas a face de Jesus, mais sentes que Ele se encarna hoje nos milhares de sofrimentos do nosso tempo, mas também que Ele já está presente em cada lágrima. Não a deixa porém sem resposta. Nos olha, nos observa e a enxuga, como fez com a traição, a negação de Pedro”.

RV: Existirão temas particulares para cada estação da Via Sacra? Pensando na sua personalidade, também humana, somos levados a pensar que existirão temas sociais...

R: “Certo, quase todos, estação por estação. Serão entremeados sempre de espiritualidade, com o olhar voltado à crise de hoje, à realidade da desocupação, da insegurança juvenil, ao mundo da prisão, ao mundo da droga, ao drama dos doentes, especialmente dos doentes terminais, às situações difíceis de tantas realidades sem esperança. E depois, muito importante, è também sentir que todas estas situações são sempre marcadas por tanta força que nasce justamente da Palavra de Deus. Os versículos de cada estação são escolhidos justamente em relação ao tema e à reflexão. Cada estação, após, concluir-se-á com uma oração. Eu me inspirei em duas figuras, que me ajudaram na minha vida de estigmatino – eu pertenço a esta pequena Congregação dos Estigmatinos: a figura de São Gaspar Bertoni, fundador dos Estigmatinos, há dois séculos, em Verona, em 1816 – e depois na figura de um homem de grande fé, vivido em Campobasso, falecido há 25 anos, Frei Imaculado, que ficou 50 anos numa cama e que escreveu também ele uma Via Sacra essencial, na qual eu me inspirei em certos momentos particulares”.

RV: Encontraremos eco do chamado do Papa Francisco para levar, viver o Evangelho nas periferias do mundo?

R: “Ah, certo! A Via Sacra é toda uma homenagem à ‘Evangelii Gaudium’. Em alguns trechos, eu a citei explicitamente, em outras aparece em toda a sua beleza de conteúdos. Tornou-se para mim – a ‘Evangelii Gaudium’ – uma palavra lucidíssima, que nos ajuda justamente a ler em profundidade os dramas de hoje, tendo dentro, porém, a face luminosa e misericordiosa de Jesus. Pois como me disse Francisco no início: “Sem Jesus nós não teremos nem luz, mas com Ele venceremos os medos, as trevas, o vazio, o isolamento”. Toda uma série, isto é, de mensagens que ele nos deixa nesta esplêndida Exortação”. (JE)