Cidade do Vaticano (RV) – Na semana em que o
Papa Francisco de certo modo se desligou do mundo ao participar dos Exercícios Espirituais
fora do Vaticano, o mundo inteiro, ao contrário, se ligou no “homem que veio do fim
do mundo”, para recordar e comemorar o seu primeiro ano de Pontificado. De fato, no
dia 13 de março de 2013, a chaminé da Capela Sistina anunciava ao mundo que a Igreja
Católica tinha um novo Papa... momentos depois, já no balcão central da Basílica Vaticana,
o rosto sereno e afável de um argentino de origem italiana dirigia ao mundo a sua
primeira saudação. Num italiano perfeito saiu o “buona sera”, boa-noite; depois a
primeira indicação de que algo de novo estava acontecendo. Ele por primeiro pede aos
fiéis, que em silêncio, rezassem por ele e pela sua grande missão; pedido aliás que
ele renova a cada contato que tem com os fiéis. O que ocorre depois nos seguintes
365 dias é de conhecimento de quase todos. Sim, porque a mídia católica e a mídia
chamada leiga, o acompanhou em todos os seus momentos dentro e fora do Vaticano. Acompanhou
e dissecou suas ações, palavras, buscando neste novo Sucessor de Pedro, os porquês
e motivos de tais gestos. Todos foram unânimes: “é novo oxigênio para Igreja Católica”.
E como Francisco chegou aos corações de crentes e não crentes? Simplesmente
por meio de seu exemplo, da suas palavras e gestos simples. Da sua identificação com
os últimos, com os pobres, com aqueles que sofrem. Da sua pregação de pároco que reafirma
que o nosso Deus, não é um Deus inatingível, distante, duro, mas sim um Deus misericordioso,
que nos amou por primeiro.
Francisco traz a autenticidade de um Papa que sabe
que o gesto é uma forma de comunicar por vezes mais forte do que a palavra. Conhece
perfeitamente as dificuldades que a Igreja atravessa, a necessidade de uma reestruturação
da Cúria Romana, trabalho aliás que já está fazendo. Conhece também os anseios das
famílias e dos jovens diante dos desafios da sociedade atual. Tem um olhar preferencial
para as crianças e idosos; olha para a necessidade da paz naqueles lugares onde vidas
são ceifadas em nome de ideologias políticas. Conhece o drama dos novos mártires cristãos,
perseguidos e assassinados pelo simples fato de carregarem uma cruz ou uma Bíblia.
É
por este conhecimento das realidades fora dos muros vaticanos que Francisco, com a
sua proximidade, é amado pelas pessoas, sejam elas de que religiões forem. Ele não
é um super-homem, não é um astro do cinema ou da música; é simplesmente um homem que
acredita no amor, nas pessoas, no Deus único que tudo transforma, no Cristo, que se
tornou nosso irmão. O segredo de Francisco? Colocar Deus e o homem no centro de
tudo. Sim, tudo para ele parte da oração, da contemplação do mistério redentor de
Cristo, e do homem, destinatário dessa redenção.
Muitos artigos, programas
televisivos, radiofônicos foram feitos nesta semana para comemorar, explicar, dar
dimensão ao primeiro ano de Pontificado de Bergoglio. Todos colocando em destaque
temas e gestos que para eles foram mais impressionantes. Francisco sem querer jamais
ser um homem popular, mas sim um pastor que ajuda, anima as pessoas a caminharem na
sua fé, despertou em uma grande parcela da humanidade a esperança de que o mundo e
a vida das pessoas podem mudar. Essa esperança é a aquela dos jovens que no Rio de
Janeiro, durante a JMJ, viram nele o amigo que caminha junto e indica a direção.
Temos
em Francisco o amigo que veio de longe não para realizar grandes feitos, mudar simplesmente
a Igreja, ser o homem do ano. Não, ele veio para mudar o coração das pessoas. Essa
é a grande revolução de Bergoglio, a revolução do coração. É bom comemorar esse aniversário,
mas melhor ainda é dar ouvidos aos seus ensinamentos, nos quais ele convida todos
a serem discípulos e missionários de Cristo, com o coração cheio de alegria e esperança.
(Silvonei José)