Card. Hummes: como a Igreja está reagindo às reformas de Francisco
Cidade
do Vaticano (RV) – Na semana em que se celebra o primeiro aniversário da eleição
do Papa Francisco, em 13 de março, o Programa Brasileiro propõe uma entrevista exclusiva
com o Cardeal Cláudio Hummes, amigo, inspirador e ainda hoje conselheiro de Francisco.
Dom Cláudio comenta o modo de Francisco fazer as reformas de que a Igreja
precisa, como elas estão sendo recebidas e os seus maiores obstáculos. Durante toda
esta semana, o Arcebispo emérito de São Paulo estará conosco.
“Com certeza
o importante de fato é o exemplo dele e a palavra dele. Temos a impressão de que ele
faz e depois, ilumina com a palavra, seus gestos e atitudes. Já conhecíamos pouco
a pouco como atuava em Buenos Aires, como ele atuava, sobretudo, em meio aos pobres
junto com um grande grupo de padres. Ele veio aqui como Papa e começou imediatamente
estes gestos de aproximar-se dos mais sofridos, dos doentes, dos mais pobres. Ele
fez isto tantas vezes. Depois, começou cada vez mais a insistir que a Igreja deve
ir para as periferias, aos pobres; encontrar os pobres e ajudar para que sejam incluídos,
pois eles são tipicamente excluídos. Francisco insiste que a Igreja deve dar o exemplo
de incluir, dando o exemplo a toda a sociedade para que também nos países, nos povos,
as políticas de inclusão sejam mais eficazes e mais bem elaboradas...”.
“É
muito interessante que se aprende muito mais com os gestos e com a forma como ele
faz. Ele vai à frente...”.
“Os Bispos, os Cardeais, os Padres, os cristãos
no mundo... como estão reagindo? Eu acho que, em primeiro lugar, isto nos interpela
todos muito fortemente. Claro, existem pessoas que não se deixam interpelar por nada.
Normalmente, todos os que têm abertura e querem, de fato, seguir Jesus Cristo e levar
a Sua luz ao mudo através da Igreja estão atentos e se deixam interpelar. Não é tão
fácil mudar estilo de vida, programa, ação; isto exige muitas coisas, e às vezes,
até certo tempo, creio que muitos já começaram a mudar e a caminhar. Mas isto significa
também programas, como o Papa diz no documento “A Alegria do Evangelho”, precisamos
de uma transformação da Igreja para ser uma Igreja missionária. Diz que ser missionário
significa em primeiro lugar ir aos pobres, e não somente acolher os pobres aqueles
que vêm a nós. Isto significa também reformular nossas programações, e sabemos que
a Igreja católica é muito grande, mundial; e que as programações muitas vezes são
feitas a médio e curto prazo, às vezes até em longo prazo. Mudar isto de repente,
levando em conta a interpelação do Papa: às vezes não acontece como deveria acontecer”.
Para ouvir a primeira parte da entrevista, clique acima. (CM)