Sudão do Sul - Com os muçulmanos na construção da paz
Um apelo para trabalhar em conjunto pela paz no Sudão do Sul foi dirigido à comunidade
muçulmana no País por Dom Paride Taban, Bispo Emérito de Torit e presidente do Conselho
das Igrejas do Sudão do Sul. O País é, de facto, devastado pelo conflito entre as
duas facções do Movimento de Libertação do Povo Sudanês, o partido no poder, lideradas,
respectivamente, pelo Presidente, Salva Kiir, e pelo ex-vice-presidente, Rijek Machar.
As organizações humanitárias que operam no País, como é sabido, têm acusado os dois
lados de cometer atrocidades contra os civis, incluindo a morte de alguns pacientes
internados em hospitais. Segundo quanto foi relatado pela Rede de Rádios Católicas
do Sudão, durante um encontro inter-religioso sobre a situação no País, Dom Taban
convidou a comunidade muçulmana do Sudão do Sul para ser embaixadora da paz e a trabalhar
juntamente com os cristãos para restaurar a calma . O representante da comunidade
islâmica local, Juma Karim Jaafar, respondeu positivamente e prometeu que os muçulmanos
trabalharão com os cristãos para restaurar a calma . O Conselho das Igrejas do Sudão
do Sul é composto pelos representantes das seis denominações cristãs presentes no
País: para além da Igreja Católica, a Igreja Episcopal do Sudão, a Igreja Presbiteriana
do Sudão, a Igreja Africana ‘Inland’, a Igreja Pentecostal do Sudão, e a Igreja Interior
do Sudão.
No País, no entanto, serve uma capacidade de governo que saiba unir
e reconciliar . Está disto convencido o Bispo de Wau, Dom Rudolf Deng Majak , para
quem " a população do Sudão do Sul ficou devastada por estes dois meses de violência,
dor e destruição, e agora precisa de ser unida e reconciliada, demonstrando capacidade
de perdoar". A necessidade de soluções políticas novas é o tema das negociações em
curso em Addis Abeba entre o governo e os rebeldes. Ambas as partes fizeram saber
que aceitam em princípio a criação de um Executivo de transição proposta pelos mediadores
da Autoridade intergovernamental para o desenvolvimento. Ao mesmo tempo, porém, rejeitaram
a hipótese de uma exclusão tanto de Kiir como de Machar. Para Dom Deng Majak, é difícil
dizer hoje quem no Sudão do Sul tem a capacidade de iniciar um caminho de paz. "Certamente
- diz ainda o bispo - é justa a ideia de uma responsabilidade partilhada de governo
e serviço aos cidadãos, tendo em conta o facto que as eleições são previstas para
2015, que é o próximo ano e não está longe".
Numa declaração à agência CISA
de Nairobi, nos últimos dias o Núncio Apostólico Dom Charles Daniel Balvo, sublinhou
a necessidade de envolver a sociedade civil nas negociações de paz. "Se há uma solução
duradoura para os problemas do Sudão do Sul, é necessário que as negociações não envolvam
apenas o nível governamental, mas também a sociedade civil". O Sudão do Sul tornou-se
independente de Cartum em 2011, depois de uma guerra civil que durou mais de vinte
anos. O novo conflito começou em Juba no passado 15 de Dezembro, com a denúncia por
Kiir de uma suposta tentativa de golpe de estado. A orquestra-lo teria sido Machar
que, no entanto, sempre tem desmentido esta versão dos factos e denunciado, pelo
contrário, uma posição autoritária por parte do Governo. Segundo a ONU, os combates
já causaram milhares de vítimas e forçado a abandonar as suas casas mais de 800.000
pessoas.