2014-03-08 15:44:00

Sudão do Sul - Com os muçulmanos na construção da paz


Um apelo para trabalhar em conjunto pela paz no Sudão do Sul foi dirigido à comunidade muçulmana no País por Dom Paride Taban, Bispo Emérito de Torit e presidente do Conselho das Igrejas do Sudão do Sul. O País é, de facto, devastado pelo conflito entre as duas facções do Movimento de Libertação do Povo Sudanês, o partido no poder, lideradas, respectivamente, pelo Presidente, Salva Kiir, e pelo ex-vice-presidente, Rijek Machar. As organizações humanitárias que operam no País, como é sabido, têm acusado os dois lados de cometer atrocidades contra os civis, incluindo a morte de alguns pacientes internados em hospitais. Segundo quanto foi relatado pela Rede de Rádios Católicas do Sudão, durante um encontro inter-religioso sobre a situação no País, Dom Taban convidou a comunidade muçulmana do Sudão do Sul para ser embaixadora da paz e a trabalhar juntamente com os cristãos para restaurar a calma . O representante da comunidade islâmica local, Juma Karim Jaafar, respondeu positivamente e prometeu que os muçulmanos trabalharão com os cristãos para restaurar a calma . O Conselho das Igrejas do Sudão do Sul é composto pelos representantes das seis denominações cristãs presentes no País: para além da Igreja Católica, a Igreja Episcopal do Sudão, a Igreja Presbiteriana do Sudão, a Igreja Africana ‘Inland’, a Igreja Pentecostal do Sudão, e a Igreja Interior do Sudão.

No País, no entanto, serve uma capacidade de governo que saiba unir e reconciliar . Está disto convencido o Bispo de Wau, Dom Rudolf Deng Majak , para quem " a população do Sudão do Sul ficou devastada por estes dois meses de violência, dor e destruição, e agora precisa de ser unida e reconciliada, demonstrando capacidade de perdoar". A necessidade de soluções políticas novas é o tema das negociações em curso em Addis Abeba entre o governo e os rebeldes. Ambas as partes fizeram saber que aceitam em princípio a criação de um Executivo de transição proposta pelos mediadores da Autoridade intergovernamental para o desenvolvimento. Ao mesmo tempo, porém, rejeitaram a hipótese de uma exclusão tanto de Kiir como de Machar. Para Dom Deng Majak, é difícil dizer hoje quem no Sudão do Sul tem a capacidade de iniciar um caminho de paz. "Certamente - diz ainda o bispo - é justa a ideia de uma responsabilidade partilhada de governo e serviço aos cidadãos, tendo em conta o facto que as eleições são previstas para 2015, que é o próximo ano e não está longe".

Numa declaração à agência CISA de Nairobi, nos últimos dias o Núncio Apostólico Dom Charles Daniel Balvo, sublinhou a necessidade de envolver a sociedade civil nas negociações de paz. "Se há uma solução duradoura para os problemas do Sudão do Sul, é necessário que as negociações não envolvam apenas o nível governamental, mas também a sociedade civil". O Sudão do Sul tornou-se independente de Cartum em 2011, depois de uma guerra civil que durou mais de vinte anos. O novo conflito começou em Juba no passado 15 de Dezembro, com a denúncia por Kiir de uma suposta tentativa de golpe de estado. A orquestra-lo teria sido Machar que, no entanto, sempre tem desmentido esta versão dos factos e denunciado, pelo contrário, uma posição autoritária por parte do Governo. Segundo a ONU, os combates já causaram milhares de vítimas e forçado a abandonar as suas casas mais de 800.000 pessoas.








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