Papa Francisco aos institutos religiosos: "Administrem os bens com transparência e
atenção aos pobres"
Cidade
do Vaticano (RV) - O Papa Francisco enviou uma mensagem, neste sábado, 8 de março,
ao Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de
Vida Apostólica, Cardeal João Braz de Aviz, e aos participantes do simpósio internacional
promovido, em Roma, por esse organismo vaticano sobre o tema "A gestão dos bens eclesiásticos,
a serviço da humanidade e da missão da Igreja". O encontro reúne ecônomos de institutos
e congregações religiosas provenientes de várias partes do mundo.
"O nosso
tempo é caracterizado por mudanças relevantes e progressos em várias áreas, com consequências
importantes para a vida dos seres humanos. Todavia, não obstante a redução da pobreza,
os objetivos atingidos muitas vezes contribuíram para a construção de uma economia
de exclusão e iniqüidade", afirma o Papa na nota, acrescentando um trecho de sua Exortação
Apostólica Evangelli gaudium que diz: "Hoje, tudo entra no jogo da competitividade
e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco".
"Diante da precariedade
em que vive a maior parte dos homens e mulheres de nosso tempo, como também diante
das fragilidades espirituais e morais de muitas pessoas, em particular os jovens,
como comunidade cristã, sentimo-nos interpelados", frisa ainda o pontífice.
Segundo
o Santo Padre, "os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica
podem e devem ser sujeitos protagonistas e ativos no viver e testemunhar que o princípio
de gratuidade e a lógica do dom encontram o seu espaço na atividade econômica. O carisma
de fundação de cada instituto está inscrito nesta lógica: no ser dom, como consagrados,
vocês dão uma verdadeira contribuição ao desenvolvimento econômico, social e político".
"A fidelidade ao carisma de fundação e ao patrimônio espiritual, e as finalidades
próprias de cada instituto permanecem o primeiro critério de avaliação da administração,
gestão e de todas as intervenções realizadas nos institutos, em vários níveis: "A
natureza do carisma direciona as energias, sustenta a fidelidade e orienta o trabalho
apostólico de todos numa única missão", destaca ainda o pontífice.
"É preciso
vigiar atentamente para que os bens dos institutos sejam administrados com prudência
e transparência, sejam tutelados e preservados, unindo a dimensão carismática e espiritual
à dimensão econômica e à eficiência, que tem seu próprio humus na tradição administrativa
dos institutos que não tolera o desperdício e está atenta ao uso adequado dos recursos",
frisa ainda o Santo Padre.
Após o encerramento do Concílio Vaticano II, o
Servo de Deus Paulo VI convidou a uma nova e autêntica mentalidade cristã e um novo
estilo de vida eclesial. "Notamos, com vigilante atenção, que, num período como o
nosso, absorvido inteiramente pela conquista, pela posse e pelo gozo dos bens econômicos,
se encontra na opinião pública, dentro e fora da Igreja, o desejo, e quase a necessidade,
de ver a pobreza do Evangelho, principalmente onde o Evangelho é pregado e representado",
ressalta o Papa Francisco na mensagem recordando as palavras do Papa Paulo VI.
Francisco
disse ainda que enfatizou esta necessidade na Mensagem para a Quaresma deste ano.
"Os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica sempre foram
voz profética e testemunho vivo da novidade vibrante, que é Cristo, do configura-se
a Ele que se fez pobre enriquecendo-nos com sua pobreza. Esta pobreza amorosa é solidariedade,
partilha e caridade e se expressa na sobriedade, na busca da justiça e na alegria
do essencial, para pôr-se alerta aos ídolos materiais que ofuscam o verdadeiro sentido
da vida", sublinha ainda o Santo Padre.
O Papa conclui a mensagem afirmando
que "não é necessária uma pobreza teórica, mas a pobreza que se aprende tocando a
carne de Cristo pobre, nos humildes, nos pobres, nos doentes e nas crianças. Vocês
são ainda hoje, para a Igreja e para o mundo, as sentinelas da atenção a todos os
pobres e a todas as misérias, materiais, morais e espirituais, como superação de todo
egoísmo na lógica do Evangelho que ensina a confiar na Providência de Deus". (MJ)