"Fraternidade e Tráfico Humano". Mensagem do Papa para a Campanha da Fraternidade
No Brasil, com o início da Quaresma, a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,
lança oficialmente a Campanha de Fraternidade 2014, desta vez centrada no tema “Fraternidade
e Tráfico Humano” e tendo como lema a expressão paulina “Foi para sermos livres que
Cristo nos libertou”. A quinquagésima edição desta Campanha anual prevê uma série
de iniciativas de sensibilização, formação e oração, visando ajudar a compreender
melhor o fenómeno do tráfico humano, para preparar “agentes pastorais” que sejam “antenas”
nas comunidades empenhadas nesta luta. Só no Brasil, calcula-se que haja pelo menos
200 mil pessoas reduzidas à escravidão. Como é tradição, o Santo Padre enviou
uma mensagem de encorajamento e apoio a esta Campanha da Fraternidade. Afirma nomeadamente
o Papa Francisco: “Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres
humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos,
em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem
direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano! Impõe-se um profundo exame de consciência:
quantas vezes toleramos que um ser humano seja considerado como um objeto, exposto
para vender um produto ou para satisfazer desejos imorais? … Quem usa e explora mesmo
indiretamente, uma pessoa humana, torna-se cúmplice desta prepotência” – adverte o
Papa, evocando um seu discurso a um grupo de Embaixadores. Papa Francisco lembrou
também “a prepotência” que tantas vezes reina no interior das famílias: “Pais que
escravizam os filhos, filhos que escravizam os pais; esposos que, esquecidos da sua
chamada para o dom, se exploram como se fossem um produto descartável, que se usa
e se joga fora; idosos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Quantos ataques
aos valores basilares do tecido familiar e da própria convivência social! Sim, há
necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode anunciar a alegria da
Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade aqui na terra é negada?” – interroga-se
o Papa Francisco, que concluiu chamando a atenção para o facto de que, só ofenda a
dignidade humana de alguém quem perdeu o sentido da sua própria dignidade de filho
e filha de Deus. A dignidade humana é igual em todo o ser humano: quando a piso no
outro, estou pisando a minha. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou!”