2014-02-24 20:47:11

Cardeal Capovilla: como João XXIII, o Papa Francisco quer cardeais santos


Cidade do Vaticano (RV) - Os novos cardeais entram na Igreja de Roma, não numa corte. Essa é uma das passagens mais fortes da homilia do Papa Francisco na missa deste domingo na Basílica de São Pedro pelos 19 novos purpurados. O Pontífice fez também uma forte evocação à santidade. Para uma reflexão sobre essas palavras do Papa, a Rádio Vaticano entrevistou o neo-Cardeal Loris Francesco Capovilla, 98 anos, ex-secretário particular do Papa João XXIII:

Cardeal Loris Francesco Capovilla:- "Saúdo vocês como padre romano e o faço com satisfação porque este "novo" padre romano evoca a minha vocação e aquilo que o Papa João XXIII dizia não somente a mim, mas a todos os padres do mundo: "O padre é aquele homem jovem que, chamado pelo bispo, vai até a cátedra onde está o bispo para a imposição das mãos apostólicas". Dois objetos são colocados no altar, entre os quais o novo padre se coloca: a divina revelação – ou seja, o Missal – e o Cálice, que resume a nossa relação com Deus, o culto. Essa é a primeira impressão. Minha segunda impressão sobre a homilia do Santo Padre é que nos faz entrar no clima da santidade. De fato, este ano será marcado – em 27 de abril – pela inscrição de João XXIII e João Paulo II na lista dos Santos."

RV: Numa passagem de sua homilia, o Papa Francisco disse: "ser santos não é um luxo; é necessário para a salvação do mundo. É isso que o Senhor nos pede"...

Cardeal Loris Francesco Capovilla:- "Pensei no capítulo quinto da Lumen gentium (Constituição dogmática sobre a Igreja, ndr), que se intitula: "Vocação universal à santidade na Igreja". Não o padre, ou o cardeal, ou o bispo, ou o monge, mas todos os cristãos – aliás, todos os homens e mulheres que trazem na fronte a "luz" de Deus –, todos somos chamados à santidade, à bondade, ao serviço, à humildade, ao sacrifício. Isso é o que deve resplandecer particularmente no mundo. Não por acaso, o Papa emérito Bento XVI – a quem dirigimos toda nossa reverência – disse que a estrela polar do Séc. XXI deve ser o Concílio Ecumênico Vaticano II, Gaudium et spes. Portanto, não a esperança de um acomodamento qualquer, mas a esperança de uma comunidade que caminha rumo às ainda distantes fronteiras da civilização do amor. Os discursos destes dias, aliás, de todos os dias, do Papa Francisco me inspiraram isso."

RV: "O cardeal – disse Francisco neste domingo – entra na Igreja de Roma", "não entra numa corte". Também essa é uma passagem forte do Papa: "Evitar costumes e comportamentos de corte"...

Cardeal Loris Francesco Capovilla:- "Pensei naquilo que o Papa João XXIII me ensinou. Dizia-me: "Lembre-se Loris do presente – o mundo em que você vive agora –, fale com pacatez, com humildade e com confiança, jamais se desespere. Do passado, quando possível, fale bem e agradeça àqueles que lhe precederam – homens, mulheres, não somente sacerdotes e leigos, mas todos juntos – por aquilo que fizeram e cumpriram, com os limites que são próprios do tempo, da educação e das situações que variam. Não faça prognósticos do futuro, não cabe a você, não é de sua competência." Além disso, senti muito forte as últimas palavras do Papa João XXIII, como testamento à sua Igreja Católica, à qual amou imensamente: dizia que para ser cristãos é preciso pensar grande, olhar alto e distante. Esse é o meu auspício, é o anseio do meu coração. Fiz muito pouco em minha vida, sinto toda a minha pequenez. Sei que sou um pequeno homem, porém, tendo Jesus a meu lado também eu me torno alguma coisa. Essa é a mensagem de Jesus. Jesus me disse que em seu nome, com a sua ajuda – eu que sou um pequeno homem de pouquíssima cultura, instrução, experiência –, eu posso falar todas as línguas resumidas na linguagem do amor." (RL)







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