Cidade do Vaticano (RV) – A Igreja presente
em Roma, a Igreja presente no Brasil e no mundo inteiro está em festa neste sábado,
festividade da Cátedra de São Pedro, quando o Papa Francisco preside o Consistório
para a criação de 16 Cardeais eleitores pertencentes a 12 nações de todas as partes
do mundo. “Eles representam – disse o Santo Padre – a profunda relação eclesial entre
a Igreja de Roma e as demais Igrejas espalhadas pelo mundo”. Entre os novos Cardeais,
está o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta.
Mas o que é um
Consistório? O que fazem os Cardeais. O Código de Direito Canônico explica a sua função.
Consistório é o lugar onde se está junto; o lugar, onde está o Papa com os Cardeais
em audiência ou conselho. Os Cardeais auxiliam o Santo Padre principalmente nos Consistórios,
nos quais se reúnem por ordem do Romano Pontífice e sob a sua presidência; podem ser
ordinários ou extraordinários. Para os ordinários são convocados todos os Cardeais,
ao menos os que se encontrem em Roma, a fim de serem consultados sobre certos assuntos
importantes, ou para a realização de atos muito solenes. Para os extraordinários são
convocados todos os Cardeais, para se pronunciarem sobre assuntos importantes.
Os
Cardeais surgiram dos 25 títulos ou igrejas sub-paroquiais de Roma, dos 7 diáconos
regionais (mais tarde 14) e 6 diáconos palatinos e dos 7) Bispos suburbicários, e
que foram conselheiros e cooperadores do Papa. A partir do ano de 1150 formaram o
Colégio cardinalício com um Decano, que é o cardeal que tem o título de Óstia, e um
camarlengo, que é administrador dos bens. Em 1059 assumem as funções exclusivas de
serem eleitores do Papa em um eventual Conclave.
Além da eleição do Papa, os
Cardeais também auxiliam o Sucessor de Pedro no governo da Igreja universal, quer
agindo colegialmente, quando forem convocados para tratar em comum dos assuntos de
maior importância, quer individualmente.
No Consistório de 5 novembro de 1973,
o Papa Paulo VI estabeleceu que o número máximo dos Cardeais com a faculdade de eleger
o Romano Pontífice, seria de 120; essa norma foi confirmada depois pelo Papa João
Paulo II na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, de 1996.
Para
significar a comunhão com a Diocese e o clero de Roma, de onde nasceram os Cardeais,
é atribuída pelo Papa a cada Cardeal o título de uma Igreja suburbicária ou uma igreja
de Roma. Dela tomam posse, promovendo com o seu conselho e presença o bem dessas dioceses
e igrejas, sem todavia terem sobre elas algum poder de governo.
Em carta enviada
aos novos purpurados após a convocação do Consistório, o Papa Francisco afirma que
ser eleito cardeal “simplesmente é um serviço que exige ampliar a visão e engrandecer
o coração”. Para “olhar mais longe, amar mais universalmente e com maior intensidade”,
sugeriu Francisco, o caminho é “prostrar-se, sendo humildes e se convertendo em servidores”.
O Papa pediu aos novos cardeais que recebam a designação “com o coração simples
e humilde” e que “se afastem de qualquer expressão mundana ou festejos que não sejam
os do espírito evangélico, baseados na austeridade, na sobriedade e na pobreza”.
Após
o Consistório de novembro de 2012, o último de Bento XVI, 62 cardeais eram europeus,
mais da metade dos 120 eleitores; 14 cardeais eram da América do Norte e 21 da América
Latina, 11 africanos, 11 da Ásia e um da Oceania.
Com o Consistório deste dia
22 de fevereiro, dos 122 cardeais eleitores, 61 são europeus. A América Latina tem
19 cardeais, a América do Norte 15 e a África 13. Treze outros cardeais são da Ásia
e um da Oceania.
Neste Consistório o Papa Francisco de certo modo privilegiou
a igreja da América Latina com a criação de seis cardeais da região. A maioria dos
novos cardeais é proveniente da periferia do mundo e respeita a vontade do primeiro
Papa latino-americano de privilegiar uma igreja “pobre para os pobres”, humilde e
próxima do povo. (Silvonei José)