Pe. Lombardi sobre o Consistório: apelo do Papa e dos cardeais em favor da paz no
mundo
Cidade do Vaticano (RV) - O Consistório extraordinário em andamento no Vaticano
vive nesta sexta-feira seu segundo dia de trabalhos dedicados à família, na vigília
do Consistório para a criação dos novos cardeais. O diretor da Sala de Imprensa da
Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, concedeu uma coletiva aos jornalistas.
Família,
mas não somente. Pe. Lombardi, após informar que 150 cardeais estiveram presentes
na Sala nova do Sínodo, leu uma declaração sua, pessoalmente aprovada pelo Santo Padre,
como declaração formal do Consistório sobre alguns problemas do mundo de hoje.
O
texto ressalta a grande preocupação do Papa e do Colégio Cardinalício pelos cristãos
que "em várias partes do mundo são cada vez mais vítimas de atos de intolerância ou
de perseguição".
Igualmente, o pensamento do Consistório voltou-se para as
nações como a Ucrânia, Sudão do Sul, Nigéria e República Centro-Africana, "dilaceradas
por conflitos internos".
Do mesmo modo, afirmou Pe. Lombardi, "preocupa muito
o persistir do conflito na Síria, que parece ainda distante de encontrar uma solução
pacífica duradoura":
"Infelizmente, pôde-se notar que muitos dos conflitos
em andamento são descritos como sendo de natureza religiosa, não raramente contrapondo
sorrateiramente cristãos e muçulmanos, enquanto se trata de conflitos que têm primariamente
raízes de natureza étnica, política ou econômica. Por sua vez, a Igreja Católica,
ao condenar toda e qualquer violência perpetrada em nome da pertença religiosa, continuará
seu compromisso em favor da paz e da reconciliação, mediante o diálogo inter-religioso
e as múltiplas obras de caridade que diariamente oferecem ajuda e conforto aos sofredores
em todas as partes no mundo."
Voltando ao Consistório, o Papa anunciou
na manhã desta sexta-feira o nome dos três presidentes do próximo Sínodo da Família:
trata-se do arcebispo de Paris, Cardeal André Vingt-Trois; o arcebispo de Manila,
Cardeal Luis Antonio Tagle; e o arcebispo de Aparecida-SP, Cardeal Raymundo Damasceno
Assis.
Com esses três cardeais de três continentes, comentou Pe. Lombardi,
a equipe que guiará o Sínodo está completa. Até a parte da manhã, acrescentou referindo-se
ao Consistório, foram feitos 43 pronunciamentos livres, e outros serão feitos na parte
da tarde.
São muitos os temas abordados, a partir da antropologia cristã e
da relação com o contexto da cultura secularizada, que traz consigo visões muito diferenciadas
da família e da sexualidade.
Não tem havido "um clima de lamentações", ressaltou
o porta-voz vaticano, mas, sobretudo, "de realismo ao ver a dificuldade da situação,
da visão cristã numa cultura que certamente de modo prevalente segue em outras direções".
A
esse respeito, prosseguiu, mais de uma vez foi feita referência "à teologia do corpo
de João Paulo II". Encontra-se também uma série de pronunciamentos livres sobre temas
da pastoral da família e, em particular, sobre a situação dos divorciados recasados
e da admissão aos Sacramentos:
"Nisso houve uma série de pronunciamentos
muito interessantes, muito amplos e muito serenos. Portanto, tem havido um aprofundamento
– creio – do qual todos os participantes estão muito contentes, em que de modo algum
houve uma decisão ou um pronunciamento sobre uma orientação particular, mas esse grande
empenho a conseguir conjugar no modo melhor o tema da fidelidade à Palavra de Cristo
e o tema da misericórdia na vida da Igreja com grande sensibilidade e atenção a todos
os vários aspectos a serem levados em consideração." (RL)