Iraque: ensinamento de siríaco e de religião cristã em 152 escolas
Bagdá (RV) – O Ministério da Educação do Iraque dispôs que o ensinamento do
siríaco e da religião cristã seja introduzido no currículo de 152 escolas públicas
nas Províncias de Bagdá, Nínive e Kirkuk. O objetivo é contribuir à preservação da
língua materna de todas as comunidades cristãs autóctones ainda presentes no país,
marcadas nos últimos anos por uma drástica redução devido ao fluxo migratório após
a queda do regime baathista.
As 152 escolas foram selecionadas nas áreas do
país onde é maior a concentração de batizados. Segundo os dados fornecidos às agências
por Emad Salem Jeju – responsável pela Direção para o Estudo do Siríaco – as escolas
envolvidas no projeto são freqüentadas por mais de 20 mil estudantes. O próprio Jeju
confirmou que a Assembléia dos Bispos católicos no Iraque deverá preparar até 2015
as novas orientações sobre o ensinamento de religião nas escolas.
Os cristãos
no Iraque pertencem a 14 diferentes denominações confessionais. Em algumas das escolas
envolvidas no projeto, todas as matérias – e não somente o curso de siríaco e o de
educação religiosa – são ensinados em siríaco.
Em agosto de 2011, foi criada
no Iraque a Direção Geral de Arte e Cultura Siríaca. Desde então, aumentaram as iniciativas
voltadas a favorecer a retomada do uso da língua siríaca.
No Curdistão, as
políticas de apoio ao siríaco tiveram início ainda nos anos noventa. Recentemente
o Parlamento iraquiano reconheceu o siríaco e o armênio entre as línguas oficiais
do país, junto à língua falada pelos turcomanos. A lei sobre línguas oficiais foi
aprovada pela Câmara dos Representantes em 7 de janeiro e constituiu o coroamento
de 10 anos de esforços e mobilizações voltadas ao reconhecimento a nível legislativo
de um princípio já afirmado pela Constituição, que a garantia como expressão de igualdade
de direitos para todos os cidadãos iraquianos.
Até aquele momento, as únicas
línguas reconhecidas como oficiais no país eram o árabe e o curdo.
As iniciativas
que favorecem o uso corrente da língua siríaca foram acolhidas com satisfação pelos
grupos militantes mais comprometidos na defesa da identidade das populações assírias,
caldéias e siríacas, como a ‘Assyrian Democratic Movement’. Ao mesmo tempo, em grande
parte das famílias cristãs, o siríaco não é falado correntemente, fato que leva muitos
pais cristãos a terem uma certa relutância em inscrever os próprios filhos em escolas
onde tal língua é utilizada no ensinamento de todas as matérias. (JE)