2014-02-14 16:52:59

Dom Gerhard Muller: Mesmo com instrumentos e técnicas de comunicação de hoje, o homem é menos capaz de comunicar


Milão (RV) – “Na sociedade globalizada existe comunicação como nunca houve no passado, mas, de fato, o homem é sempre mais auto-referencial, com uma incapacidade/rejeição de estreitar vínculos solidários, e portanto, menos capaz de comunicar”. Foi o que afirmou o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Gerhard Muller, durante a lectio magistralis por ocasião da inauguração do Ano Acadêmico da Faculdade de Teologia da Itália Setentrional, em Milão.

Segundo Dom Muller, “o homem hoje não é mais capaz de formas de discernimento que ultrapassem o reduzido âmbito do útil e do imediato. Não reconhece mais aquilo que corresponde ou aquilo que afasta as peculiaridades que o tornam verdadeiramente homem”. Como conseqüência, “diminui sempre mais a densidade da cultura por ele produzida”. Uma cultura que “é tão forte nos instrumentos e na técnica de comunicar quanto é pobre, sob o ponto de vista humano, nos conteúdos veiculados. Uma cultura em que aquilo que parece significativo não ultrapassa os confins dos ‘short term’ e do ‘low cost’”.

“E uma metáfora desta cultura é a velocidade com que a Mídia hoje descarrega as notícias e as imagens, em um vórtice de comunicação”. E quanto mais se comunica uma quantidade de dados, tanto menos se entra em comunicação com o outro”

O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, por outro lado, diz estar convencido de que na crise antropológica – antes ainda que econômica e financeira -, em que nos encontramos, são necessárias “respostas radicais”, uma “reviravolta cultural”, antes ainda que estrutural e de costumes, mas uma mudança que atinja os fundamentos últimos do homem”.

Neste sentido, a teologia “pode contribuir muito ao saeculum sempre mais ‘breve’, de onde viemos e onde nos encontramos ainda”. “A dignidade do homem deve ser a linha vermelha também para a legislação, para a forma em que vivemos juntos, a comunidade”, disse ele ao ser interpelado por jornalistas. E acrescentou que “a doutrina dos cristãos pode ser um bom remédio para as exigências das sociedades de hoje”. (JE)








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