2014-02-12 19:55:31

Jesuítas espanhóis: "Não se pode colocar portas no mar. Imigração é um direito"


Madrid (RV) – Os jesuítas espanhóis defendem que os governos “devem exercer o legítimo controle das fronteiras, porém com o escrupuloso respeito aos direitos humanos, o que nem sempre tem acontecido”.

A Companhia de Jesus trabalha para auxiliar as vítimas da crise que se abate sobre diversos países europeus. No contexto das comemorações dos 200 anos de sua Restauração, a Companhia celebrou em Madrid um encontro informativo, para analisar sua história e explicar sua renovação em meio à crise, e com “um Papa jesuíta chamado Francisco”.

“Os jesuítas tem que estar a serviço das vítimas da crise e uma linha prioritária de ação está direcionada ao controle das fronteiras”, assegurou Daniel Izuzquiza, Diretor do Centro de Reflexão Alberto Hurtado. Izuzquiza recordou o direito dos países controlarem suas fronteiras, porém têm “o dever de serem escrupulosamente respeitosos com os direitos humanos, e isto nem sempre está ocorrendo”.

O Serviço Jesuíta a Migrantes foi uma das organizações que apresentou na Promotoria Geral do Estado, na Espanha, “uma denúncia penal contra os presumíveis responsáveis” pelo ocorrido na última quinta-feira, quando 11 imigrantes vindos do Marrocos morreram ao tentar entrar na cidade espanhola de Ceuta.

“Não se pode colocar portas no mar”, advertiu Izuzquisa, salientando que “o direito das pessoas imigrar” e “a contribuição que isto representa à sociedade”. “Estamos vivendo uma crise prolongada, dura, extensa, intensa e estrutural e nossa aposta, neste contexto, é o de reforçar a solidariedade” e defender os mais desfavorecidos, disse o jesuíta também responsável por Centros Sociais.

“A gestão que se está fazendo da crise – quiçá dominada pelo dogma da austeridade -, está produzindo impactos muito negativos”, principalmente na população mais vulnerável.

Izuzquisa afirmou ainda que a Companhia “segue o processo de renovação” e que a liderança de Francisco “incentiva de uma maneira mais explícita e animadora” a esta congregação para estar “na periferia, a serviço da sociedade”.

Já o Professor de História da Igreja da Universidade Pontifícia de Comillas, Alfredo Verdoy, confessou que sentiu “um aumento no apreço pela vida religiosa e pela vocação” com a eleição do Papa Francisco.

“A Companhia de Jesus não se sente sobrecarregada, nem perseguida, nem depreciada por nada, senão que a própria situação de ansiedade que se vive no mundo repercute em todos os projetos”, opina Verdoy

As celebrações pelo Bicentenário da Restauração da Companhia de Jesus (1814-2014) tiveram início em 1º de janeiro do corrente. A primeira celebração foi a Missa presidida pelo Papa Francisco na Igreja de Jesus, em Roma, em ação de graças pela canonização do jesuíta Pedro Fabro.

A maioria das atividades programadas estão centradas no estudo desta etapa histórica, através de cursos e exposições nos 68 centros educativos, de ensino médio e nas Universidades da Companhia de Jesus. (JE)








All the contents on this site are copyrighted ©.