Arcebispo de Cantuária pede que temores quanto à ordenação de mulheres como bispo
sejam superados
Londres (RV) – O Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, pediu nesta quarta-feira
à Igreja da Inglaterra para que “supere” seus temores no que diz respeito à ordenação
de mulheres como bispo, tema que tem gerado forte divisão na comunidade anglicana.
Welby,
que desde a última segunda-feira preside na ‘Church House’, em Londres, o Sínodo Geral
dos anglicanos, considerou necessário que se produza uma “gigantesca mudança cultural”
na Igreja da Inglaterra para superar os desacordos e construir “amor e confiança”
entre os diversos grupos.
O chamado à reconciliação deu-se após o Sínodo Geral
– formado por bispos, pastores e leigos – ter votado a favor da legislação que poderá
levar à ordenação da primeira mulher bispo da Igreja da Inglaterra, ainda em 2014.
Com
relação à comunidade gay, Welby declarou existir “grandes temores de que nossas decisões
nos levarão ao rechaço dos LGBT (comunidade lésbica, gay, bissexual e trans), a um
comportamento que será equiparado ao racismo”. “Quando trabalharmos para superar o
temor e para unir mais a sociedade – acrescentou - é que poderemos observar uma verdadeira
mudança”.
O debate sobre a ordenação de mulheres como bispo tem causado profundas
divisões na comunidade anglicana, levando muitos pastores e fiéis a ameaçar abandonar
a Igreja da Inglaterra e unirem-se à Igreja Católica.
Nesta terça-feira (11),
o Sínodo Geral da Igreja Anglicana havia dado respaldo à legislação que levará à autorização
da ordenação da primeira mulher bispo da Igreja da Inglaterra.
Reunido em Londres
desde segunda-feira, o Sínodo Geral concordou em reduzir de seis para três meses o
período em que deverá ser realizada uma consulta sobre esta legislação nas suas 44
dioceses. Na votação sobre a matéria, 358 foram favoráveis, 39 contra e 9 se abstiveram,
decisão que abre caminho para a aprovação final da controvertida legislação, em julho
próximo. Se aprovada, a nova legislação entrará em vigor antes de novembro de 2014.
No
final de 2012, o Sínodo Geral rechaçou a ordenação de mulheres bispo após anos de
intensos debates, o que levou a uma ruptura na comunhão anglicana. Christina Rees,
da Diocese de St Albans, disse que "ter um período de seis meses não ajudará aqueles
que se opõe, em princípio, à ordenação de mulheres. O que fará é continuar a permitir
que a Igreja e este Sínodo façam papel de ridículo, minando ainda mais a nossa credibilidade”,
assinalou.
David Banting, da Diocese de Chelmsford, por sua vez, criticou a
aceleração deste trâmite por considerá-lo “sem precedentes, irresponsável e ademais,
não ajuda em nada”.
Entre outros temas, o Sínodo analisa a importância em apoiar
inversões éticas, depois que o Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, criticou em 2013
as instituições financeiras que concedem crédito a curto prazo e a juros muito altos,
levando muitas vezes a um maior endividamento das pessoas, que buscam estes empréstimos
por encontrarem-se em situações financeiras limite.
Welby considera que as
atividades destas organizações são moralmente incorretas e se diz favorável ao estabelecimento
de um limite sobre quantidade de dinheiro que uma pessoa possa receber em empréstimo.
(JE)