2014-02-10 11:21:24

Evocação do Papa Pio XI, fundador da Rádio Vaticano, a 75 anos da sua morte


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A 10 de fevereiro de 1939 (faz precisamente hoje 75 anos) morria o Papa Pio XI. Eleito Pontífice em 1922, o Papa Achille Ratti guiou a Igreja universal por 17 anos, num período histórico difícil. Entre os aspectos significativos do seu Pontificado estão: os Pactos Lateranenses com o Estado italiano (1929); a criação da Rádio Vaticano (1931) e a condenação explícita dos totalitarismos. Para uma reflexão sobre Pio XI, a 75 anos de sua morte, a Rádio Vaticano entrevistou Agostino Gavazzi, Presidente do Centro Internacional de Estudos e Documentação ‘Pio XI’, com sede em Desio, cidade natal do pontífice.

“O primeiro aspecto que gostaria de ressaltar é a grande atualidade deste Pontífice: uma atualidade que podemos observar na Concordata que, desejada por Pio XI e realizada em 1929, ainda hoje é actual… Algumas biografias de Pio XI recordam que, quando era estudante no seminário, teria dito aos seus amigos: ‘Se um dia fosse Papa, gostaria de estabelecer a paz com o Estado Italiano numa Concordata”.

- Outro aspecto fundamental do Pontificado de Pio XI é a atenção à comunicação: foi ele que desejou a criação da Rádio Vaticano, em 1931...

“Pio XI sempre foi atento a todos os meios de comunicação e quis que os seus escritórios tivessem telefone e máquinas de escrever. Deu-se conta da importância da rádio e pediu a Marconi para criar uma estação radiofónica que lhe permitisse falar ao mundo. Outro tema de comunicação do pontificado de Pio XI foi o cinematográfico: por obra do Pontífice, nasceu uma revista católica sobre cinema, para um maior conhecimento da religião católica”.

- O Papa Ratti viveu anos historicamente e politicamente difíceis, dominados pelo nazismo e pelo comunismo. Pio XI sempre fez ouvir a voz da Igreja em defesa da pessoa humana...

“Sem dúvida! E fez isto com Encíclicas que condenaram todos os totalitarismos, quer o comunismo ateu – lesivo da dignidade humana, quer o fascismo - totalitarismo que impedia a liberdade e o crescimento do indivíduo, quer ainda o nazismo, pela sua brutalidade. Pio XI teve uma coragem de leão e assumiu uma postura muito explícita de condenação para o bem da Igreja e das pessoas perseguidas”.

- Pio XII escreveu muito: basta pensar na Encíclicas: 26 em 17 anos!...


“Eu gosto, sobretudo, da ‘Quadragesimo Anno’, importante Encíclica Social que fala, pela primeira vez, do princípio da subsidiariedade. Fala também do trabalho como instrumento da dignidade do homem, para o seu crescimento; fala-se do lucro, que não é uma coisa negativa em si, mas assim se torna se leva apenas ao enriquecimento de alguns poucos e não à criação de bem-estar para toda a humanidade. E nisto, novamente, emerge a atualidade de pensamento do Papa Ratti”.

Em Itália, em 2014, haverá três comemorações da figura de Pio XI, abordando etapas diversas da sua existência. O primeiro elemento biográfico – recordou o Card. Gianfranco Ravasi intervindo há dias no congresso «Pio XI e o seu tempo» (Desio 7-9 de Fevereiro) – é o 75º aniversário da morte de Pio XI a 10 de Fevereiro de 1939. Agora repousa na cripta da basílica de São Pedro, num monumento fúnebre da autoria do escultor Francesco Nagni que o representou deposto na hierática rigidez do despojo envolvido nos paramentos pontifícios e da candura do mármore. Naquele momento final, como aliás ainda hoje, passados três quartos de séculos, o julgamento do seu papado era muito complexo, porque aqueles 17 anos foram particularmente ricos e difíceis.
A segunda data a comemorar é - já nesta terça-feira - o 85º aniversário dos Pactos Lateranenses assinados em 11 de Fevereiro de 1929. Foi Pio XI o verdadeiro artífice desta reconciliação entre a Santa Sé e o Estado italiano. Todavia não faltaram críticas também no âmbito teológico. Certamente, esta instituição insere-se no contexto de uma temática muito mais ampla e delicada - a relação entre fé e política e entre religião e laicidade.
A última comemoração corresponde aos cem anos da nomeação de Achile Ratti como Prefeito da Biblioteca Apostólica do Vaticano, em 1914, depois de ter desempenhado idêntico cargo em Milão, na prestigiosa Biblioteca Ambrosiana, criada no século XVI pelo Cardeal Federico Borromeo.








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