Cidade do Vaticano (RV) - Em 2014 haverá três comemorações envolvendo a figura
de Pio XI, abordando etapas diversas da sua existência. Evocaremos uma sua trilogia
de forma muito sintética e quase impressionista, partindo do evento final que colocava
o selo a uma existência iniciada com o seu nascimento na cidade de Desio a 31 de Maio
de 1857, quarto filho de Francesco Ratti e de Teresa Galli.
O primeiro elemento
biográfico mais próximo de nós – escreve o Cardeal Gianfranco Ravasi na intervenção
redigida por ocasião da oitava edição do congresso «Pio XI e o seu tempo» (Desio 7-9
de Fevereiro) – é o 75º aniversário da morte de Pio XI a 10 de Fevereiro de 1939.
Agora repousa nas Grutas do Vaticano sob um monumento fúnebre do escultor Francesco
Nagni (1897-1977), que o representou deposto na hierática rigidez do despojo envolvido
nos paramentos pontifícios e da candura do mármore. Naquele momento final, assim como
hoje depois de três quartos de séculos, o julgamento do seu papado era muito complexo,
porque aqueles 17 anos foram particularmente ricos e pesados.
A segunda data
que comemoramos é o 85º aniversário dos Pactos Lateranenses assinados em 11 de Fevereiro
de 1929, um evento que foi objeto de uma análise imponente e de várias opiniões, mas
que continua – mesmo com a revisão de 1984 – a ser um instrumento válido na relação
entre Igreja e Estado. Pio XI foi um artífice verdadeiro na ação concordatária e a
lista dos acordos é sob vários aspectos impressionante. Todavia, sabemos que não faltaram
críticas também no âmbito teológico. Certamente, esta instituição insere-se no contexto
de um discurso muito mais amplo e delicado, o da relação entre fé e política e entre
religião e laicidade.
Chegamos assim à última comemoração, os cem anos da nomeação
como Prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana. Em 1997, na inauguração da renovada
Biblioteca Ambrosiana depois de sete anos de grandiosos trabalhos de restauro, foi
colocada no átrio a solene estátua em bronze deste Papa que setenta anos antes, em
1927, foi esculpida por Enrico Quattrini. A mesma foi transferida para outro lugar,
mas a presença de Achille Ratti ainda domina na instituição desejada há quatro séculos
pelo Cardeal Federico Borromeo e destinada a ter uma extraordinária «ficha» descritiva
no capítulo XXII de «Os Noivos». Como se sabe, na chefia desta gloriosa Biblioteca
a 8 de Março de 1907 foi eleito como XVIII Prefeito precisamente o futuro Pio XI,
embora a sua presença sob aqueles arcos tivesse iniciado vinte anos antes com a sua
admissão no Colégio dos Doutores. Porém, o seu cargo de prefeito foi breve, porque
desde o início chegou de Roma a notícia de uma sua desejada candidatura na guia da
ainda mais prestigiosa Biblioteca Apostólica Vaticana.