2014-02-04 15:47:09

Afrescos da Capela Sistina serão monitorados por radar


Cidade do Vaticano (RV) - Em 23 de janeiro foi firmado um acordo entre a Agência Nacional de Energia (Enea) e os Museus Vaticanos, no âmbito da tutela dos bens culturais. Entre os pontos chaves do acordo, estão as novas tecnologias e a tutela do meio-ambiente.

O acordo contempla, entre outras atividades, o monitoramento da Capela Sistina por um radar tridimensional, projetado pela Enea, para controlar eventuais deteriorações dos afrescos. Idealizado, originalmente para controlar reatores nucleares, o radar Itr-C (Radar Topológico a Cores) usa a luz ao invés de ondas de rádio. O raio laser emitido recolhe as três cores primárias - vermelho, verde e azul – e, deslocado sob os afrescos à amplitudes regulares, recolhe deles todos os dados estruturais. Tais dados são então passados ao computador, elaborados e reproduzidos em 3D.

A Rádio Vaticano entrevistou o Comissário da Enea, Giovanni Lelli, e o responsável pelo laboratório Científico dos Museus Vaticanos, Ulderico Santamaría sobre o acordo:

R: "Para nós é um acordo emblemático, pois estigmatiza o encontro entre as altas tecnologias, desenvolvidas para contextos diferentes naturalmente dos bens culturais, com os bens culturais. Porque é emblemático? Porque se conseguiu realmente fazer encontrar uma exigência tácita de tecnologias para a conservação, para a preservação e para o diagnóstico dos bens culturais, com a alta tecnologia. E poder passar um scanner, a 25 metros de distância, de vultos, de superfícies tridimensionais, à cores, representando-as com uma precisão de décimos de milímetros, dá a possibilidade de se ter diagnósticos rápidos de grandes superfícies, sem necessidade do uso de andaimes e assim por diante. Portanto, é uma coisa muito, muito válida, que permite também uma maior fruição dos bens culturais. E depois, uma última coisa, a engenharização destes dispositivos com este objetivo, é também uma ocasião de promoção industrial, ou seja, postos de trabalho. Nós estamos muito orgulhosos disto".

RV: Dr. Santamaria, o privilégio histórico é muito importante, porque existe uma continuidade com aquele Escritório de 1935, quando os seus predecessores, começaram a fazer uma pesquisa até os dias de hoje, com esta colaboração com a Enea. O senhor poderia falar sobre este período e deste progresso que os Museus Vaticanos fizeram até os dias de hoje?

R: "Os Museus Vaticanos, justamente nisto, partiram da missão fundamental, que é aquela de utilizar as obras de arte para testemunhar a fé no mundo. A Igreja tem nos Museus Vaticanos a sua sentinela. É muito importante que a tecnologia não prevaleça, mas que se coloque em equilíbrio. O nosso estudo não tem por objetivo desenvolver uma tecnologia que não traga benefícios e utilidades para a história. Assim, queremos usar a tecnologia para a história e a partir dos anos 30-35, entrou a tecnologia e desenvolvemos uma nova tecnologia. Com este acordo, nós esperamos ser capazes pensamos de poder inventar, inovar, ao invés de somente aplicá-la, não pelo gosto pela pesquisa em si, mas justamente porque temos uma missão que nos foi confiada pela Igreja".

RV: Falou-se também de um aspecto muito importante, que é o ambiental. Me detenho neste ponto, para entender o quanto isto é importante para os Museus Vaticanos...

R: "É muitíssimo importante, a começar exatamente por dentro dos Museus, mas também do seu exterior, onde estamos interessados em tutelar a saúde dos visitantes e das obras de arte e dos operadores, mas, sobretudo a não esquecer que fazemos parte de um sistema maior que os Museus. E tudo isto que nós produzimos de poluente não permanece nos Museus ou, ao contrário, aquilo que vem de fora pode poluir os Museus. Assim, neste contexto, estamos desenvolvendo metodologias ecos-compatíveis, como os solventes 'verdes', que se tornam quase rotina nos nossos trabalhos de restauração, mas também nas operações dos laboratórios. E não nos esqueçamos nunca, porém, do respeito pelas obras de arte. É claro que não queremos prejudicar as obras de arte para salvar o ambiente. Não queremos prejudicar nenhum dos dois: salvar o ambiente e salvar as obras de arte". (JE)








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