2014-01-30 13:53:48

Afegãos aspiram reconciliação e paz


Cabul (RV) – A sociedade civil afegã crê firmemente que a solução militar seja ineficaz e que é indispensável perseguir o caminho do diálogo político, atuando um plano de reconciliação nacional e simultaneamente, um processo de paz.

É o que emerge de uma pesquisa fruto de cinco meses de trabalho em sete diferentes províncias afegãs (Balkh, Bamiyan, Farah, Faryab, Herat, Kabul, Nangarhar), promovida pela rede de ONGs internacionais “Afgana” e co-financiada pelo ministério do Exterior italiano.

A pesquisa, publicada às vésperas do deslocamento das tropas da OTAN no país e enviada à Agência Fides, discute as causas do conflito e as razões da mobilização anti-governamental; o processo de paz e de reconciliação com os talibãs; a relação entre paz e justiça; as expectativas para o pós-2014.

Paz e justiça são vistas pela sociedade como aspirações complementares. Para a maioria dos entrevistados – afirma o texto – a injustiça é um dos elementos que mais contribui para alimentar o conflito. Ignorar os pedidos de justiça para os crimes passados e presentes enfraquece um eventual processo de paz, incrementa as razões de insegurança e favorece a violência, notam os cidadãos afegãos. Segundo a pesquisa, a verdadeira reconciliação passa pelo “reconhecimento público da verdade histórica”. Há apoio pleno à ideia da negociação, mas ao mesmo tempo, é criticado o modo com que até agora esta foi conduzida pelo governo afegão e pela comunidade internacional. Poucos acreditam na possibilidade de alcançar um acordo de paz com os talibãs e com outros grupos anti-governamentais antes do fim de 2014. Um dos obstáculos citados é o despreparo do Alto Conselho de Paz, o organismo instituído pelo Presidente Karzai em 2010 para negociar com os talibãs, como mediador entre os atores do conflito.

Os entrevistados não excluem a hipótese que os talibãs possam obter “posições de poder em um futuro governo de ampla coalizão”, se isto puder ajudar a acabar com o conflito, mas com uma condição: que não sejam prejudicadas a arquitetura político-institucional criada em 2001 e as conquistas legislativas e sociais dos últimos anos. O Relatório nota que a sociedade civil afegã pede uma dupla abordagem do processo de paz, com a distinção entre “paz política” e “paz social”. O processo político-diplomático que visa, em breve, interromper o conflito, deve proceder ao lado de um processo social a longo prazo, que tente construir as relações e a confiança entre as comunidades locais.
(CM)








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