Jovem orionita brasileiro escreve a Francisco. Recebe um telefonema e o encontra na
Casa Santa Marta
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco continua a usar o telefone para
fazer contato com algumas pessoas que lhe escrevem, provocando surpresa e comoção.
Desta vez, o destinatário do “telefonema pastoral” foi o religioso orionita brasileiro
Gleison de Paula Souza, estudante de Teologia na Faculdade Urbaniana.
“Eu escrevi
uma carta ao Papa Francisco – explicou Gleison – e a dei a uma amiga para que a entregasse
pessoalmente ao Papa. Ela o fez durante sua confissão com o Papa Francisco, no domingo
19 de janeiro, durante a visita à Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, próxima à
Estação Termini. Depois me disse que o Papa a guardou no bolso”.
Na tarde da
segunda-feira dia 20 - continuou - "eu estava estudando. Às 15h56min tocou o meu
celular. Era um número privado. Respondi. Uma voz repetiu várias vezes: ‘É o Gleidson?
É o Gleidson? Eu falo com Gleidson?’. Respondi: ‘Sim, Santo Padre, sou o Gleidson’.
E prosseguiu Francisco: 'Vejo que reconheces a minha voz. A minha voz já é muito conhecida'".
Neste
primeiro telefonema, que durou sete minutos, o Papa conversou sobre o conteúdo da
carta, onde Gleison compartilhou alguns sentimentos e situações pessoais em relação
ao caminho vocacional, no que foi encorajado pelo Pontífice. "Recordo expressões
do tipo: Coragem! Nada de medo, siga em frente com paciência... o Senhor está contigo,
Nossa Senhora está contigo, a Igreja está contigo!", contou o jovem religioso. Por
fim, Francisco lhe fez um convite: "Venha encontrar-me". Gleidson, então, convidou
o Santo Padre para visitar a comunidade do Teológico, que respondeu por sua vez não
saber se seria possível devido à distância, desconhecendo que a Comunidade localiza-se
no Monte Mário, não muito distante do Vaticano. Após saber disto, respondeu: "Então
é um pouco mais fácil. Farei você saber em poucos dias".
Por não estar com
o celular, Gleison não pode responder à nova ligação do Papa dois dias após, na quarta-feira
22, mas pode ouvir o recado na Secretária Eletrônica: "Ei, Gleison, sou o Papa Francisco".
Isto o levou a ficar com o celular na mão todo o resto do dia, aguardando uma nova
chamada, que só veio acontecer no dia seguinte, enquanto o jovem orionita fazia um
exame na Universidade. Ele atendeu o telefonema em baixa voz, pedindo ao Pontífice
um momento, até sair da sala de aula: "Não posso encontrar-vos no seminário, mas se
podes, venha encontrar-me na Casa Santa Marta segunda-feira, às 17 horas", disse o
Francisco. Como Gleison pediu para que dois irmãos o acompanhassem, Francisco sugeriu
que chegassem às 16.30.
Assim, no dia 27, às 16.15, Gleidson apresentou-se
na entrada do Vaticano que dá acesso à Sala Paulo VI, acompanhado pelo Diretor da
Comunidade, Padre Carlo Marin e o pelo Pai espiritual, Padre Giacomo Defrancesco.
No encontro, realizado numa sala com seis cadeiras iguais, o Papa “brincou conosco
– contou Gleidson – pois com a emoção não sabíamos onde sentar e ele nos disse: ‘É
melhor olhar na face os inimigos’ e começa a sorrir". "Nos surpreendeu a sua veste
branca com três botões com o tecido desfiado - continuou-, símbolo de sua pobreza
e simplicidade”.
No encontro o Papa falou da Congregação dos Orionitas, dizendo
conhecê-la bem, manifestando estima pelo trabalho dos orionitas na Argentina: "Trabalham
bem e são generosos. Também as irmãs são muito valorosas; havia um hospital, um asilo
sem irmãs e acabaram indo elas para lá", disse o Pontífice.
Francisco também
recordou no encontro, que em Buenos Aires, propiciou uma experiência de voluntariado
no 'Cottolengo de Claypole' de 15 dias aos noviços jesuítas, antes da profissão dos
votos, e aos diáconos da Diocese de Buenos Aires, antes da ordenação: “O 'Cottolengo'
é uma obra bonita, a sua vocação é bonita, dentro daquele contexto dos santos piemonteses
do século XIX, com um laicismo feroz, um anticlericalismo feroz, maçonaria feroz e
então surge Dom Bosco, Cafasso, Dom Orione, o Cottolengo, e também as mulheres, tantas
mulheres santas”.
Enquanto Bergoglio partilhava com os orionitas tantas recordações,
mostrava muita espontaneidade e alegria ao falar da Argentina: "Naquele momento, nós
não conseguíamos pronunciar nem uma palavra sequer, seja pela emoção, seja porque
não conhecíamos tanto assim as obras de nossos irmãos na Argentina", observou Gleison.
Após,
o jovem religioso brasileiro encontrou-se privadamente com o Sumo Pontífice por 35
minutos. "O tempo voou - contou Gleison no site dos orionitas. No encontro falamos
sobre o conteúdo da carta que eu havia escrito. Ele me encorajou e paternalmente me
deu bons conselhos. A sua palavra era um convite contínuo à misericórdia do Senhor.
Perguntei se podia confessar-me e a sua resposta positiva abriu novamente meu coração.
Ele não me deu respostas, mas deu-me liberdade para refletir, dizendo que está comigo.
Me emociona o fato que ele se preocupou em saber o que sinto, penso e espero. Senti
que Deus me amava por meio das palavras do Papa".
Após, foram apresentadas
ao Papa as cartas e saudações de todos, além do projeto comunitário dos orionitas.
"Ele olhava e escutava com interesse. Abençoou os nossos projetos devocionais e após
nos deu também uma bênção especial" - disse Gleison - extensiva aos "irmãos, amigos
e a todos aqueles que sabiam ou ouvirão falar deste encontro".
Após o registro
fotográfico do encontro e um afetuoso abraço, Francisco os acompanhou até a saída
pedindo: "Rezem por mim!".
“Nos está evangelizando não com palavras, mas com
a sua presença acolhedora, a sua simplicidade, os seus gestos e a sua ternura. Obrigado
Santidade!”, concluiu Gleison.
O relato do Gleison, em italiano, pode ser encontrado
no link: http://www.donorione.org/Public/ContentPage/papa_francesco_telefona_incontra_e_confessa_un_chierico_orionino_ites.asp