Ativista dos Direitos Humanos pede a Francisco a abertura dos arquivos eclesiais durante
ditaduras no Cone Sul
Assunção (RV) - O ativista dos Direitos Humanos Martín Almada pediu nesta terça-feira,
em uma mensagem endereçada ao Papa Francisco, a abertura dos arquivos eclesiais da
época das ditaduras no Cone Sul. Almada solicitou ao Pontífice a divulgação dos referidos
Arquivos no Paraguai, Argentina, Chile, Bolívia, Brasil e Uruguai nas décadas de 70
e 80, “para que se conheça a verdade, e a justiça seja feita”.
Almada solicitou
acesso público às comunicações enviadas às autoridades vaticanas “sobre a trágica
situação de nossos países naqueles anos de terrorismo de Estado, assim como sobre
as centenas de cidadãos paraguaios detidos e desaparecidos na Argentina”.
Almada,
que atualmente dirige a Fundação Celestina Pérez de Alamada - assim nomeada em homenagem
à sua esposa - foi detido e torturado sob a acusação de “terrorismo”, devido a um
estudo que escreveu sobre educação. Sua mulher, por sua vez, morreu de um ataque cardíaco
após escutar por telefone os gritos das sessões de tortura do marido e receber sua
roupa ensangüentada.
Em 1992, Almada descobriu os chamados “Arquivos do Terror”,
documentos oficiais que revelam os abusos cometidos durante o regime do General Stroessner.
A Comissão Verdade e Justiça (CJV) comprovou a existência de 425 execuções ou desaparecidos
durante a ditadura e quase 20 mil detidos, a grande maioria vítimas de torturas.
A
Justiça do Paraguai condenou somente um pequeno grupo de policiais por delitos cometidos
durante a ditadura, em processos realizados pouco após o seu fim. (JE)