Agricultura, motor indispensável do crescimento económico em África - Director Geral
da FAO na cimeira da UA
Agricultura, motor indispensável do crescimento económico em África - Director Geral
da FAO na cimeira da UA com o lançamento do “Desafio Fome Zero”
A agricultura
deve tornar-se no motor de crescimento de que a África necessita para erradicar a
fome e adoptar, de forma durável, a produção de víveres, declarou nesta quarta-feira,
29 de Janeiro, o Director geral da FAO, José Graziano da Silva.
Tomando a
Palavra num evento organizado à margem da Cimeira da União África a decorrer em Adis-Abeba,
José Graziano da Silva convidou a África a redobrar os esforços neste sentido, pois
que “mais de um africano em cada cinco não goza do direito à alimentação” - deplorou.
Fazendo notar que a maioria das dez economias actualmente em maior crescimento
no mundo se encontram em África, Graziano insistiu no facto de que a África tem capacidade
para mudar a situação alimentar. O desafio para o continente – acrescentou – é tornar
este crescimento económico mais incisivo, apostando no desenvolvimento agrícola e
rural, nas mulheres e nos jovens.
Cerca de 75% dos africanos têm menos de
25 anos de idade, e ao longo dos próximos 35 anos, a população deverá permanecer essencialmente
rural, com muitas famílias dirigidas por mulheres.
“A agricultura é o único
sector da economia capaz de absorver essa mão de obra” – frisou o Director geral da
FAO acrescentando ainda que “um futuro inclusivo e durável para a África deve passar
necessariamente pelas mulheres, pelos jovens e pela agricultura”.
Ano da Agricultura
e da segurança alimentar em África
Os Governos terão a oportunidade de renovar
o seu apoio ao desenvolvimento agrícola em 2014, durante o Ano Africano da Agricultura
e da Segurança Alimentar que será lançado esta semana no âmbito da Cimeira da União
Africana.
“O lançamento deste Ano é uma etapa importante em direcção a uma
África livre da fome de forma durável tal como que sonharam aqueles que por ela lutaram
como Nelson Mandela e tantos outros” - insistiu José Graziano da Silva.
O
Director geral da FAO sublinhou que o Ano africano da Agricultura e Segurança Alimentar
será uma ocasião para valorizar os esforços do Plano Pormenorizado de Desenvolvimento
Agrícola no Continente (PDDAA) lançado em 2003.
O Ano Africano da Agricultura
e Segurança Alimentar decorre ao longo de 2014 em paralelo com o Ano Internacional
de Agricultura Familiar (AIAF) proclamado pela ONU.
“Ao longo de muitos anos
e um pouco por todo o mundo, os pequenos agricultores, os criadores de gado e os pescadores
artesanais foram considerados parte do problema da fome” – indicou José Graziano,
dizendo que isto “inexacto. Os agricultores familiares são já os principais produtores
de víveres na maior parte dos países, e podem fazer muitos mais se forem devidamente
apoiados” – rematou.
Melhorando o acesso aos serviços financeiros, à formação,
à mecanização e à tecnologia, pode-se transformar os agricultores de subsistência
em produtores eficazes.
Aumentando a produção e preservando ao mesmo tempo
os recursos naturais, a agricultura familiar constitui também uma alternativa durável
às tecnologias que fazem uso intenso de insecticidas e fertilizantes e que têm levado
à deterioração da qualidade dos solos, da terra, das águas e da biodiversidade – sublinhou
o Director Geral da FAO.
Objectivo Fome Zero 2025
José Graziano da
Silva congratulou-se com aquilo que descreveu como “o empenho, ao mais alto nível,
dum continente inteiro” para pôr termo à fome em África daqui até 2025”.
A
Cimeira da União Africana vai adoptar este objectivo ainda esta semana, em sintonia
com o Desafio Fome Zero lançado pelo Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon em 2012.
Foto; uma criança malnutria fotografada em Ndjamena (Chade) em 2013