Diálogo entre cristãos e hebreus – encontros para a memória do mundo. Ouça Sal da
Terra, Luz do Mundo
Na edição
de hoje da nossa rubrica Sal da Terra, Luz do Mundo daremos notícia do Dia Internacional
em Memória das Vítimas do Holocausto, mais especificamente falaremos de um encontro
de diálogo entre católicos e hebreus que teve lugar em Roma neste mês de janeiro.
Celebra-se
a 27 de Janeiro em todo o mundo o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto,
comemoração criada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, em novembro de 2005.
Nesse mesmo ano, o Parlamento Europeu estabeleceu também o dia 27 de janeiro como
o Dia Europeu da Memória do Holocausto. No âmbito destas comemorações teve lugar neste
mês de janeiro em Roma a 18ª Jornada Nacional para o Aprofundamento e o Desenvolvimento
do Diálogo entre Católicos e Hebreus. Este ano subordinado ao tema: “Não roubar”.
Por esta ocasião, decorreu na Universidade Pontifícia Lateranense um encontro
promovido pela Diocese de Roma, mais concretamente pelo seu serviço para o ecumenismo
e o diálogo. Participaram no encontro o Rabino da Comunidade Hebraica de Roma, Riccardo
Segni e o economista Stefano Zamagni. Monsenhor Marco Gnavi (foto), responsável por
este serviço diocesano prestou declarações à Rádio Vaticano começando por referir
que aprofundar as relações com o mundo hebraico está no adn da nossa vida cristã:
“Trata-se
de aprofundar as relações com o mundo hebraico, que para nós não são extrínsecos mas
intrínsecos ao adn da nossa vida, porque Jesus era Hebreu, rezou com as Escrituras
hebraicas dentro da tradição hebraica; porque a Aliança nunca revogada com o povo
do antigo Testamento leva-nos a olhar para o horizonte escatológico, à espera do Reino
e fazêmo-lo junto a eles sob uma terra cheia de problemas, como aquele do anti-semitismo,
que não será o último, mas que queremos enfrentar e vencer juntos. Somos espiritualmente
parentes: João Paulo II em 1986, visitando a Sinagoga, usou uma expressão original
chamando-lhes “os nossos irmãos mais velhos”. Portanto, não podemos prescindir da
fraternidade e do amor uns pelos outros que, mesmo nas nossas diferentes vocações,
nos chama todos ao bem comum da humanidade e ao contributo que podemos dar em modo
original, se possível, juntos.” “Vivemos num tempo fortemente economicista,
marcado por um certo individualismo; somos portadores – cristãos e hebreus – de um
sentido da vida ligado ao seu aspeto religioso, vertical, de relação com Deus, do
qual descende também o dom dos bens e do criado. “Não roubar” é um imperativo bíblico
que nos vê juntos defender a dignidade do homem e também propôr a esta nossa sociedade
um caminho diferente. Além disso, é uma sociedade que conhece também as derivas do
mal pelo que tem que ver com os bens e a espoliação dos outros: roubar não é só subtrair,
mas é também amesquinhar a vida de quem tem direito à dignidade, também através do
trabalho e os bens que o sustentam.”
Monsenhor Marco Gnavi, que se
dedica precisamente ao diálogo inter-religioso na Diocese de Roma referiu-se ao Papa
Francisco e à forte relação de amizade do Santo Padre com várias personalidades hebraicas
e afirmou ainda nestas suas declarações que compreender o mundo hebraico é também
compreender Jesus:
“É importante para compreender o mundo hebraico e
perceber também qualquer coisa de Jesus desde o Primeiro Testamento, do antigo Testamento.
É importante porque ali onde hebreus e cristãos defendem juntos a vida todos saem
a ganhar. Onde a vida dos hebreus é ameaçada é ameaçada a vida de todos. O anti-semitismo,
o anti-judaismo, os sinais de ódio que semearam a dor até à Shoa, durante a Segunda
Guerra Mundial, são um grande aviso que pede uma resposta alta e quotidiana, portanto,
difundida e larga, mas também profunda para as suas motivações.” “O
Papa Francisco já recebeu oficialmente o rabino chefe Riccardo Segni e delegações
internacionais; sobretudo, quando era arcebispo de Buenos Aires, tinha uma relação
estreitíssima com o rabino Skorka, com o qual em tantos encontros e em tanta amizade
e fraternidade enfrentou os temas do viver, da dor, da morte, da vida, os temas da
espiritualidade.”
Recordemos que o Papa Francisco visitará a Terra
Santa este ano peregrinando aos lugares onde nasceu e viveu Jesus. Esta visita terá
lugar de 24 a 26 de maio e acontece no 50º aniversário da importantíssima viagem do
Papa Paulo VI. Sal da Terra Luz do Mundo é aqui na sua Rádio Vaticano em língua portuguesa.
(RS)