A Boa Nova do Evangelho é para todos: Papa no Angelus - Apelo ao dialogo na Ucrania
e oração pelos doentes de lepra no mundo
Durante a
oração mariana do Angelus, perante uma imensa multidão reunida na Praça de S. Pedro,
o Papa comentou o Evangelho deste 3°domingo comum que conta o início da vida pública
de Jesus nas cidades e aldeias da Galileia. A sua missão, disse o Papa Francisco,
não parte de Jerusalém, do centro religioso, social e político, mas de uma zona periférica,
desprezada pelos judeus mais observadores, por causa da presença de diferentes populações
naquela região, indicada pelo profeta Isaías como "Galileia dos gentios" .
É
uma terra de fronteira, uma zona de trânsito, onde se
encontram pessoasde diferentes raças, culturas
e religiões. AGalileiatorna-se assim olugar simbólicopara a aberturado Evangelho atodos os povos. Sob este ponto de vista, a Galileia se
parece com omundo de hoje: coexistência dediversas culturas, necessidade de confronto e de encontro.Também nós estamos imersostodos os dias
numa "Galileia dos gentios" e, neste tipo de contexto,
nos podemos assustareceder àtentação
deconstruir recintos para estarmos mais seguros, mais
protegidos.MasJesusnos ensina quea Boa Novanão está reservada auma parte da humanidade,
deve-se comunica-la a todos.É uma boanotícia
destinada a todos os que esperampor ela, mastambém
para aqueles quetalvez já não esperam em nadaenem sequertêm força paraprocurare pedir.
Partindo da Galileia, continuou o Papa, Jesus nos ensina
que ninguém é excluído da salvação de Deus, antes pelo contrário, que Deus prefere
partir da periferia, dos últimos, para alcançar a todos. Ele nos ensina um método,
o seu método, que porém exprime o conteúdo, ou seja, a misericórdia do Pai. "Cada
cristão e cada comunidade poderá discernir qual é o caminho que o Senhor pede, mas
todos nós somos convidados a aceitar esta chamada: sair do próprio conforto e ter
a coragem de chegar a todas as periferias que precisam da luz do Evangelho" (Exortação
Apostólica . Evangelii gaudium, 20).
Jesuscomeça a suamissãonão apenas de um lugardescentralizado,
mas também comhomens que sediriam "de baixo
perfil". Para escolher os seus primeiros discípulos e
futurosapóstolos, não se dirige àsescolas
dosescribas edoutores da lei, mas a pessoas
simples e humildes, que se preparam com empenho para a vinda
doReino de Deus.Jesusvaichamá-los
deonde trabalham,na margemdo lago:
são pescadores. Chama-os, e eles o seguem, imediatamente. Deixamas redes e vão com Ele: a sua vida se transformará
em aventura extraordináriae fascinante.
E terminou a sua
reflexão sublinhando que o Senhor continua ainda hoje a chamar:
Passa pelas
estradas danossa vida quotidiana;nos chama parairmos com Ele, e trabalhar com Elepara o Reino
deDeus, nas"Galileias" dos nossos tempos.
Deixemo-nos levar pelo seu olhar, a sua voz, e sigamo-lo!
"Para que a alegria do Evangelho chegue até aos confinsda terrae nenhumaperiferia seja privada
da sua luz"
Após o Angelus o Papa recordou o Dia Mundial
dos Doentes de Lepra que hoje se celebra. Esta doença, embora em declínio, infelizmente,
ainda afecta muitas pessoas em condições de grave miséria. É importante manter viva
a solidariedade com estes irmãos e irmãs. A eles asseguremos a nossa oração; e rezemos
também por todos aqueles que os assistem e, em muitos modos, se empenham para derrotar
esta doença – disse o Papa.
E sobre a difícil situação na Ucrânia o Papa afirmou:
Estou
pertocom a oração à Ucrânia, em particular àqueles
que perderamsuas vidasnestes dias e às
suas famílias. Espero que se desenvolvaum
diálogo construtivo entreas instituições e asociedade
civil e, evitando qualquer recurso aacções violentas,
possam prevalecer nos corações de todos o espírito
de paze a buscapelo bem comum!
E o
Papa Francisco dirigiu o seu pensamentos para Cocò Campolongo, uma criança que nos
últimos dias, com apenas três anos, foi queimada num carro em Cassano:
"Esta
crueldade por uma criança assim tão pequena parece não terprecedentes na históriadocrime. Rezemos
com Coco, que certamente está comJesusno céu paraas pessoas que fizeramestecrime, para que se arrependam e se convertam ao o Senhor".
E aos milhões de pessoas que do Extremo Oriente ou espalhados
em várias partes do mundo, incluindo chineses, coreanos e vietnamitas que nos próximos
dias celebrarão o Ano Novo Lunar, o Papa Francisco desejou uma vida cheia de alegria
e esperança:
“O anseioirreprimível defraternidade,que habitano seu coração, encontre na intimidadeda família o lugar privilegiado, onde ele pode ser descoberto,
educado e realizado.Esta será umacontribuição
valiosa paraa construção deum mundo mais humano,
onde a paz reina”.
O Papa recordou ainda a Beata Maria Cristina
de Savóia que ontem, em Nápoles, foi proclamada; viveu na primeira metade do século
XIX, foi mulher de profunda espiritualidade e humildade, capaz de suportar o sofrimento
de seu povo, tornando-se uma verdadeira mãe dos pobres. O seu exemplo extraordinário
de caridade mostra que a vida boa do Evangelho é possível em todos os ambientes e
condições sociais.
Uma afectuosa saudação dirigiu o Papa aos peregrinos de
diferentes paróquias da Itália e de outros países, bem como as associações, grupos
escolares e outros. Em particular, o Papa quis exprimir a sua proximidade às pessoas
afectadas pelas cheias na região italiana de Emilia.
E a terminar, dirigindo
aos meninos e meninas da Acção Católica da Diocese de Roma, o Papa agradeceu-lhes
por terem vindo assim numerosos também este ano, acompanhados pelo Cardeal Vigário,
como etapa final da sua "Caravana da Paz". E após a leitura da mensagem por um dos
dois meninos que estavam com o Papa, foram libertadas duas pombinhas brancas, símbolo
de paz.