Cidade do Vaticano (RV) – No próximo dia 1º
de junho celebraremos o 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que este ano tem
como tema “Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro”. A comemoração
desse Dia foi instituída pelo Concílio Vaticano II, com o Decreto Inter Mirifica,
de 1963. E como ocorre todos os anos, por ocasião da memória litúrgica de São Francisco
de Sales, patrono dos comunicadores, o Santo Padre divulgou uma mensagem ao mundo
da comunicação social, aos profissionais e usuários.
Nos últimos tempos o
tema recorrente das mensagens foi o da Internet e as novas formas de relacionamento
nas redes sociais. Na sua primeira mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais,
o Papa Francisco dá continuidade à temática que vem abordando quase cotidianamente,
ou seja, a da cultura do encontro. E o verdadeiro poder da comunicação – sublinha
Francisco – é a “proximidade”.
Os novos espaços onde evangelizar, onde estar
presente nos devem como comunicadores e usuários, levar a uma reflexão sobre o serviço
que a comunicação presta para aproximar as pessoas, para criar relações interpessoais.
Estamos vivendo um período, diria, histórico e muito particular: evidentemente notamos
um progresso técnico extraordinário, que cria novas oportunidades, inéditas de interação
entre os homens e entre os povos; em certo sentido estamos vivendo realmente uma globalização
das relações. Mas essa globalização dever ajudar as pessoas, o indivíduo a crescer
em humanidade, excluindo o egoísmo, o isolamento, o indiferentismo, concentrando energias
e aspirações nos encontros que cancelam desconfianças, preconceitos, barreiras.
O
Papa Francisco constata na sua mensagem que hoje nós vivemos em um mundo cada vez
menor, mas onde ainda permanecem divisões e exclusões. E os meios de comunicação podem
ajudar a nos sentirmos mais próximos uns dos outros. O Santo Padre parte dessas considerações
para desenvolver a sua reflexão aos comunicadores. A tecla que Francisco toca é mais
uma vez a da “cultura do encontro” pois podemos notar que apesar dos avanços da humanidade,
em nível global vemos a distância escandalosa que existe entre o “luxo dos mais ricos
e a miséria dos mais pobres”. E uma dura constatação: “estamos já tão habituados a
tudo isso que nem nos impressiona mais”.
E a cultura do encontro requer que
estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber dos outros. Os meios de comunicação
podem ajudar nisso. Particularmente a internet pode oferecer maiores possibilidades
de encontro e de solidariedade entre todos. E Francisco chama a atenção para os problemas
que se apresentam neste mundo virtual: antes de tudo a “velocidade da informação”
que “supera a nossa capacidade de reflexão e julgamento”. O desejo da tão fala conexão
digital – e isso já é linguagem cotidiana, estou conectado – pode, é a advertência,
nos levar ao isolamento, distanciar-se do nosso próximo. Temos ainda o paradoxo, quem
não tem internet, não está na rede, corre o “perigo de ficar excluído”.
Neste
universo da tecnologia e da velocidade, o Santo Padre recorda que não devemos rejeitar
a mídia social e que a comunicação é uma conquista mais humana que tecnológica: daí
brota o convite contracorrente, de “recuperar o sentido de lentidão e de calma”. Temos
necessidade de ser pacientes. Um convite distinto, vamos diminuir a velocidade para
que possamos conhecer o outro, aquele que é diferente de nós, aquele que encontramos
no nosso caminho. Não só encontrar, mas também ajudar.
Então a pergunta de
Francisco, como a comunicação pode estar ao serviço da cultura do encontro? Recordando
a parábola do Bom Samaritano vem fora a dimensão da “proximidade”. De fato, quem comunica
se faz próximo. E citando ainda a Parábola o Papa adverte que quando a comunicação
tem como finalidade principal levar ao consumo ou à manipulação das pessoas, estamos
diante de uma agressão violenta como aquela sofrida pelo homem que foi surrado pelos
bandidos e deixado ao longo da estrada. E aí vem a chamada de atenção, porque alguns
meios de comunicação levam as pessoas a ignorar o próximo. As redes sociais devem
ser um lugar rico de humanidade, não uma rede de fios, mas sim de pessoas humanas.
Essas estradas digitais estão cheias de humanidade e muitas vezes humanidade ferida.
O
Convite, então à Igreja para que abra a portas também no ambiente digital para que
o Evangelho possa atravessar os umbrais do tempo e sair ao encontro de todos. O convite
do Papa é para não termos medo de sermos cidadãos do ambiente digital, para dialogarmos
com o homem de hoje e levá-lo ao encontro com Cristo. A revolução nos meios de comunicação
e de informação - a ultima constatação de Francisco – “é um grande e apaixonante
desafio que requer energias frescas e uma imaginação nova para transmitir aos outros
a beleza de Deus”. (Silvonei José)